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Publicado em 29 de maio, 2018 | por Centro Paz e Amor

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Liberdade, Igualdade, Fraternidade

Juvanir Borges de Souza

   Essa tríade, que a Revolução Francesa consagrou como símbolo de seus objetivos, embora o próprio movimento revolucionário, que derrubou o absolutismo dos reis e potentados, não tivesse compreendido e praticado o verdadeiro sentido das três palavras, continua representando ideais a serem alcançados.

As três palavras, em conjunto ou separadamente, são aspirações não somente para a vida individual, mas também para as organizações sociais dos povos e nações, e, consequentemente, para toda a Humanidade, já que sua significação encerra o mais alto ideal para a vivência humana.

Na concepção espírita, considerando-se que o amor é a síntese de todos os sentimentos generosos e por isso deve estar na base do progresso para a renovação moral, a ordem natural da trilogia deveria ser: fraternidade, igualdade, liberdade.

A fraternidade deve estar na primeira linha, como geratriz da liberdade e da igualdade de todos. É ela o inverso do egoísmo, uma das chagas humanas das sociedades de todas as épocas. É também uma das formas da manifestação do amor ao próximo, significando caridade com benevolência, indulgência, compreensão e tolerância.

É a forma de os homens se compreenderem e se devotarem uns aos outros, tornando possível uma convivência de irmãos, filhos do mesmo Pai. Portanto, a liberdade e a igualdade, no verdadeiro sentido que encerram essas palavras, na vida social, dependem da conquista da fraternidade e da sua vivência.

Essa conclusão remete-nos à grande aspiração da reeducação moral da Humanidade, para que ela possa chegar à fase de um mundo regenerado, como decorrência da divina lei do progresso.

Mas, sem querer ser pessimista, nosso mundo parece muito distante do ideal de transformação pela fraternidade entre seus habitantes. Em pleno século XXI, após dois mil anos da presença do Cristo, com seus ensinos superiores sobre o amar a Deus e ao próximo como a si mesmo, a Humanidade pouco evoluiu moralmente, continuando os homens egoístas e orgulhosos, procurando as nações impor seus interesses às demais, utilizando as guerras para obterem a paz.

Na realidade, são conquistas de prestígio e de interesses materiais. Enquanto isso, as religiões tradicionais, em lugar de se esforçarem pela prevalência da fraternidade e do entendimento entre elas, digladiam-se por obter predominância sobre as concorrentes, com as graves consequências conhecidas.

Se a prática da fraternidade prevalecesse entre as nações, as raças e os indivíduos, como decorrência dos ensinos morais do Cristo e de todos os que aceitaram suas lições de vida, há muito teriam desaparecido as violências do mundo, especialmente as imposições dos mais fortes sobre os fracos.

Em matéria de imposições e violências, nosso mundo pouco evoluiu. Basta observar a atualidade para verificar que as incompreensões entre as nações conduzem às guerras, preparando-se os governos não para a paz e a cooperação, mas para as soluções violentas.

Só na primeira metade do século XX ocorreram duas guerras mundiais, envolvendo múltiplas nações. Nos séculos anteriores sempre estiveram presentes a violência e as imposições dos países mais fortes, sem respeito à liberdade dos mais fracos.

Tornam-se impraticáveis a liberdade e a igualdade sem a presença e vivência da fraternidade, quer entre os indivíduos, quer no seio das famílias e de toda a sociedade. Assim, é pela prática da fraternidade legítima que se cria para todos – nações, famílias e indivíduos – a igualdade e a liberdade, com a paz, a ordem e a compreensão sem prejuízo da hierarquia, que terá como princípio e fundamento o progresso moral e intelectual daqueles que detiverem as maiores responsabilidades.

A fraternidade representa, assim, o amor recíproco de todos os homens, ensinado pelo Cristo, acima do qual só deve prevalecer o amor a Deus, a causa primária de todas as coisas, a Inteligência Suprema.

A verdadeira fraternidade ainda não faz parte das sociedades humanas, eis que ainda preponderam nas comunidades sociais os privilégios, os direitos excepcionais, as leis discriminatórias, o favorecimento pelas riquezas, os tratamentos diversificados.

Sem a fraternidade legítima torna-se impraticável tanto a igualdade quanto a liberdade. Não se deve entender a igualdade como se todas as pessoas fossem iguais, o que seria uma pretensão utópica, uma vez que as criaturas humanas são diferentes e se encontram em posições evolutivas diferenciadas.

A igualdade é um sentimento que permite a cada um tratar seu semelhante, qualquer que seja sua posição social, ou condição de vida, de forma igual, com amor, com compreensão, sem nenhuma discriminação.

O grande obstáculo à igualdade é o orgulho, que leva o homem a julgar-se superior, pretendendo o domínio e a primazia em todas as situações, inclusive no confronto com seus semelhantes. Considerar-se igual aos seus irmãos, companheiros de jornada, situados em níveis diferentes, tem sido para o homem uma pretensão inatingível, enquanto não conseguir superar seu orgulho.

Sendo o orgulho, como o egoísmo, doenças sociais que se manifestam nos indivíduos, frutos da ignorância das verdades eternas que devem reger a vida de todos e de cada individualidade, a felicidade só será alcançada quando essas chagas estiverem extintas em cada um, em um mundo regenerado.

A liberdade natural faz parte do Espírito, ao ser criado por Deus simples e ignorante, mas dotado de livre-arbítrio, inteligência e vontade. Mas no campo social, o reconhecimento da liberdade natural sempre encontrou obstáculos, em decorrência do egoísmo e do orgulho predominantes na imensa maioria dos habitantes da Terra.

Egoísmo, orgulho e ignorância são os obstáculos naturais, os inimigos gratuitos da fraternidade, da igualdade e da liberdade. Enquanto esses três princípios não forem reunidos para deles resultarem o mútuo apoio e a necessária solidariedade, nenhuma organização social será justa, equânime e aberta ao progresso.

Impérios potentes, poderes absolutistas, riquezas acumuladas à custa da escravidão e da exploração dos mais fracos, domínios de povos e nações pela força das armas e da violência, todas essas formas ilusórias de dominação têm existido e foram registradas pela história da Humanidade.

Entretanto, no decorrer dos séculos e milênios, ruíram os impérios, enfraqueceu-se o absolutismo e desapareceram muitas formas injustas de dominação, substituídas por outras que também não subsistirão, numa demonstração clara de que o homem ainda não encontrou a forma correta e justa para suas organizações sociais.

Torna-se evidente que, neste mundo de expiações e provas, faltam os elementos essenciais da fraternidade, da igualdade e da liberdade, sobre os quais possam ser construídos os justos e sólidos edifícios sociais e para que surja a verdadeira solidariedade entre todos os povos, independentemente das raças a que pertençam.

O problema é vasto e complexo, e sua solução precisa começa no imo de cada criatura, no coração de cada ser humano. A educação intelectual e moral constitui a base para se resolver tão vasta questão.

Se a educação intelectual já foi reconhecida como necessária, o mesmo não ocorre com a educação moral, apesar de Jesus, o Cristo, tê-la enfatizado em seus ensinos, que Ele sintetizou no amor a Deus e ao próximo.

A fraternidade, na sua acepção mais pura, é a prática do amor, como também o é a caridade. Amor, fraternidade, caridade são os sentimentos que se opõem ao egoísmo, ao orgulho e à ignorância.

A igualdade e a liberdade são decorrências naturais da fraternidade. É para a implantação desses valores morais que o Cristo de Deus deixou no mundo suas lições e exemplos, prometendo ainda o envio de outro Consolador, que já se encontra entre os homens, há cento e cinquenta anos.

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