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Publicado em 14 de outubro, 2017 | por Centro Paz e Amor

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Mais que um lápis de luz entre dois mundos

Marcus De Mario

O século vinte conheceu um homem extraordinário, não apenas dotado de faculdades mediúnicas exuberantes, mas repleto de virtudes, entre elas, em destaque, a humildade. Recebeu centenas de homenagens, e quando nelas comparecia por força das circunstâncias sociais, apresentava-se de forma simples e discursava fazendo questão de dizer que tudo era devido aos espíritos. Seus livros psicografados venderam milhões de exemplares, e tudo doou a instituições beneficentes. Davam-lhe presentes, agrados pelas benesses recebidas, e ele de imediato distribuía aos mais necessitados. Psicografava páginas e mais páginas, e admitia faltar-lhe compreensão para muitas coisas que os amigos espirituais transmitiam por seu intermédio, afinal ele só tinha o curso primário e, portanto, não podia ser o autor de prosas e versos nos mais variados estilos e com tanta diversidade de conteúdo. Esse homem é Chico Xavier.

Não temos, ainda, ideia da envergadura moral desse homem. Tudo o que até hoje foi escrito sobre ele é pouco, pois diante de nós estava um missionário que tudo soube enfrentar com resignação e fé inquebrantável, protagonizando cenas de puro lirismo, e também dos mais comoventes apelos às fibras íntimas da alma. Quem não se quedava, mudo, aos seus conselhos paternais? Quem não o reverenciava, em silêncio, pelos seus exemplos? Quem não o procurava, lágrimas nos olhos, para receber notícias dos entes queridos do outro lado da vida? Quem não olhava para ele, maravilhado, diante das respostas esclarecedoras que dava às mais diversas questões? Mas, tudo, tudo mesmo, ele agradecia aos espíritos que o auxiliavam, referindo-se a eles em todos os instantes, por isso foi chamado pelo seu amigo José Herculano Pires de ser inter-existente.

E é essa ação entre dois planos de vida que nos chama a atenção. Conta minha mãe que nos idos de 1970, lá estava Chico Xavier numa daquelas noites de autógrafo que varavam a madrugada, na sede da Casa Transitória, na cidade de São Paulo, e ela era a responsável por colocar à frente da fila pessoas com deficiência, os que se encontravam na velhice do corpo e com criança de colo. E como, com antecedência, os companheiros da casa espírita que frequentávamos souberam dessa sua tarefa, pediram que aproveitasse a ocasião para entregar ao valoroso médium uma carta. E a missiva estava em seu bolso, as horas passavam, o trabalho não dava descanso, e a carta ficou esquecida. Não para o Chico. Já madrugada, aproveitou que minha mãe encostara na mesa levando mais uma pessoa, e segurou-lhe as mãos, indagando: “Então, minha irmã, quando você vai me entregar?” Como ela já havia esquecido da incumbência, olhou admirada para o Chico, e respondeu: “Mas eu não tenho nada para lhe entregar ou pedir”.

Chico sorriu e deixou o tempo passar. E novamente voltou a pegar-lhe nas mãos e fazer a mesma indagação, quando então minha mãe lembrou da carta e entregou-a. Simpático e sorridente apesar de tantas horas transcorridas de atendimento a centenas de pessoas, Chico informou: “Finalmente, minha irmã. Eu estava esperando, pois Emmanuel já havia me avisado que você tinha esquecido”.

Esse é um episódio simples, mas que nos mostra um médium equilibrado, sintonizado e preocupado em fazer o melhor. A carta não podia ficar perdida, continha um pedido e era imprescindível atender. E como bom instrumento, fiel e disciplinado trabalhador da seara de Jesus, lá estava ele atento às indicações de seu mentor espiritual.

Sabemos, pelos estudos propiciados pelo Espiritismo, que nunca estamos, na existência terrena, ligados por acaso às pessoas, estejam elas encarnadas ou não. Somos construtores de nossa história evolutiva e também da história social da humanidade, e as ligações entre Chico Xavier e Emmanuel remontam a tempos idos, épocas remotas da história humana, como tantas vezes revelou o próprio médium, e tão bem está descrito nos romances épicos iniciados por Há Dois Mil Anos, quando encontramos os mesmos personagens revestidos de outra personalidade nos meandros do Império Romano, já conquistadas as terras palestinas onde semeava o Mestre dos mestres, Jesus. É bela a história dos nossos entrelaçamentos afetivos, conquistando para toda a eternidade amizades verdadeiras.

Então eles são convocados por Jesus, governador planetário, para mais uma missão, desta vez um como benfeitor espiritual, outro como médium do lápis de luz. Luz dos corações, das letras, das almas. Com disciplina, humildade, amor ao próximo, resignação, fé e muito estudo da doutrina espírita, Chico Xavier cumpriu com fidelidade sua missão.

Legítimo e inquestionável representante do Espiritismo, deixou-se conduzir por Emmanuel para produzir mais de 420 livros psicografados, observando sempre os postulados básicos consagrados por Allan Kardec e os Espíritos Superiores. Aliás, seu mentor espiritual lhe solicitou reiteradas vezes usar a razão e, na dúvida, ficasse com a codificação espírita. E Chico Xavier sempre atuou observando essa instrução.

Da lavra mediúnica do nosso querido e inesquecível Chico Xavier temos livros sobre importantíssimos estudos doutrinários; livros que explicam os conteúdos da obra kardequiana; livros para ensinar os corações infantis; livros poéticos que sensibilizam leigos e estudiosos; livros que trazem de volta os que partiram pelas portas da morte; livros reveladores de fatos históricos; livros que resgatam os ensinos dos evangelhos; livros que exaltam a vida e Deus como pai; livros que consolam; livros que vivificam Jesus Cristo. Livros e mais livros, de todos os estilos. Conteúdos assinados por milhares de espíritos. Assinaturas comprovadas por pesquisa técnica como idênticas aos documentos de identidade deixados pelos falecidos.

E não apenas psicografou livros. Quantas milhares de mensagens de cunho particular ao longo de mais de setenta anos de mediunidade? Impossível saber. E as psicofonias nas reuniões mediúnicas? E os tratamentos espirituais prodigalizados? E os fenômenos de materialização? E as vidências inumeráveis desde a infância? E os ouvidos, através da audiência, emprestados aos espíritos? E os passes reconfortantes? Tudo isso, e muito mais, através da mediunidade entregue ao serviço do bem, ao mesmo tempo que, como qualquer ser humano, providenciava o pão de cada dia no trabalho profissional honesto, e cuidava da numerosa família de irmãos sob sua dependência.

Impressiona ver a filmagem aérea realizada em Uberaba num sábado pela manhã, mostrando milhares de pessoas serpenteando pelas ruas, em busca de Chico Xavier para receber dele um pão, um agasalho, uma moeda, uma palavra de consolo. Por isso foi chamado por Augusto César Vanucci de homem-amor, exemplo de caridade em ação. E encerrava as atividades debaixo de uma árvore em estudos memoráveis do Evangelho.

Chico Xavier, é bem verdade, será pelos tempos afora lembrado como médium psicógrafo, o lápis de luz cintilando palavras no papel, o que é verdadeiro e incomparável com qualquer outro personagem já existente na história da humanidade. Mas também deverá ser lembrado como exemplo de missionário que marcou nossas vidas com a luz imperecível do amor.

Ele partiu, cumprida a tarefa, como todos nós, em chegado o tempo, partiremos. Temos certeza que, por amor, apesar de todos os méritos, continua juntinho de nós, pois enquanto houver sofrimento na Terra, ele não se cansará de estar presente para estancar as lágrimas, sustentar os corações e lembrar-nos que a vida continua, e que a misericórdia divina socorre a todos.

Chico Xavier é de todos os tempos.

Chico Xavier é de todos nós.

Chico Xavier é exemplo de bom médium.

Chico Xavier é o amigo que guardamos no coração.

Chico Xavier é o seareiro de Jesus que ilumina nossos passos.

Por tudo isso, tocados pelas sublimes mensagens da Boa Nova revisitadas pelo Espiritismo através das revelações mediúnicas, e recordando nossa juventude, quando nos deparamos com os livros espíritas psicografados por ele, dizemos, do fundo do coração:

Chico Xavier é para sempre.

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