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Publicado em 15 de maio, 2017 | por Centro Paz e Amor

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Ressurreição

Livro: Em Torno do Mestre

Autor: Pedro de Camargo – Pseudônimo Vinicius

Vivemos no mundo da ilusão. A verdade não está naquilo que vemos, mas precisamente no que não vemos. Atrás do que cai sob o domínio de nossos olhos é que ela se oculta. Jogando com as faculdades do Espírito, e não com os sentidos, é que se surpreende a realidade das coisas.

Ainda hoje há muita gente que supõe a Terra fixa, porque não a vê mover-se. Outros há que imaginam as cores como propriedade dos corpos; e se lhes dissermos que as cores não existem, são aparências ou impressões particulares produzidas na retina pela luz, segundo a sua natureza própria ou segundo a maneira como é refletida pelos corpos duvidarão da nossa integridade mental.

São conhecidos os fenômenos denominados —-miragem — que se observam nos desertos arenosos da África, onde o viandante, por ilusão de ótica., vê nitidamente na atmosfera a imagem de objetos distantes, e até mesmo cidades, oásis, lagos, etc . E assim somos enganados a cada instante pelos nossos sentidos a propósito daquilo que nos afeta como expressão de realidade, e não passa de ficções..

Dentre todas as ilusões que nos cercam, a maior e’ a de mais sérias conseqüências é a morte.

Nada nos parece mais real e verdadeiro do que ela. E’ o epílogo fatal da vida, segundo o juízo geral.

A própria ciência oficializada, longe de combater esse funesto erro, é a primeira a fortalecê-lo, apresentando pretensas documentações em seu abono.

Não lhe aproveitam, neste particular, os exemplos do passado com respeito às muitas quimeras e fantasias sustentadas e difundidas como dogmas intangíveis pelo ensino escolástico da época E, por ser assim, a morte, no sentido em que é considerada, vem gozando foros de realidade in-conteste, de fato inconfundível e inexorável, não passando, no entanto, da maior de todas as ilusões de que a Humanidade tem sido e continua sendo vítima. Já disse alguém, com bastante justeza, que a pior mentira é a que mais se parece com a verdade. A morte está exatamente nesta condição; parecendo, segundo todos os aspectos, a última palavra no cenário da existência humana, não é mais que simples dissimulação da vida. A vida — eis a realidade verdadeira. E’ ela que vence, é ela que triunfa sempre, sobrepondo-se a todas as metamorfoses, a todas as contingências a que se submete em sua maravilhosa trajetória pela senda da eternidade.

A vida não é o que vemos: o que vemos são apenas as suas manifestações através das formas organizadas. Quereis saber o que é a alma? dizia Santo Agostinho, olhai um corpo sem ela, O corpo com todos os seus órgãos; o corpo intacto, completo e perfeito não passa de cadáver se lhe escapa a alma, sede da vida. Sem que lhe falte coisa alguma do que se vê, falta-lhe tudo, porque lhe falta a vida que se não vê.

A semente nos oferece outro exemplo edificante. Divida-se em algumas frações uma semente em ótimas condições germinativas. Reunindo cuidadosamente essas partes, sem que das mesmas se perca a mais insignificante parcela, reconstitua-se a semente, e lance-se à terra: jamais germinará. Porquê? Porque ao fragmentá-la evolou-se aquilo que os nossos olhos não vêem, e que é tudo: a vida. A vida não é a forma organizada, por mais complexa que essa forma seja. Ora, como vemos a forma e não vemos a vida que a anima, tomamos, por isso, o efeito pela causa, concedendo à morte o império sobre a vida, quando, em verdade, é esta que fatalmente reina sobre aquela.

Difícil, no entanto, tem sido convencer o homem deste fato. A ilusão da morte dominou-o de tal maneira que ele se obstina em considerá-la como flagrante realidade.

Sendo a ressurreição, como é, um fenómeno natural que a cada instante se opera, no meio em que nos achamos, é ainda considerada como utopia pela ciência mundana, e como milagre pela fé dogmática.

A passagem do Homem-Deus pela Terra, assinalando o acontecimento mais extraordinário da História humana, teve por objeto, em síntese, revelar ao homem a imortalidade através de um testemunho positivo, palpável, categórico.

Jesus veio a este mundo exemplificar o poder da vida sobre a morte; morreu para que todos vis­sem como se morre; ressuscitou para que todos vissem como se ressuscita. O epílogo de sua existência terrena não foi a agonia do Calvário: foi a ascensão de Betânia. Da mesma sorte, o triunfo majestoso do seu ideal não se verificou no patíbulo da cruz, mas sim nas suas aparições a Madalena, aos dois peregrinos de Emaús e, finalmente, aos apóstolos no cenáculo de Jerusalém. O Cristianismo é, por excelência, a religião da vida em oposição às religiões da morte. “Deixai aos mortos o cuidado de enterrar seus mortos. Deus, não é Deus de mortos: para Ele todos vivem” — assim predicava o Mestre divino. Não obstante, os seus discípulos, testemunhas oculares da imortalidade manifesta em seu Mestre, dificilmente se renderam à evidência dessa revelação, a maior certamente de todas que, em sua misericórdia, o céu tem outorgado à Terra. Paulo, o insigne pioneiro da nova fé, convertido pelo Cristo redivivo, insistia continuamente sobre a imortalidade, fazendo girar em torno desse assunto todas as suas prédicas e epístolas. Jesus ressuscitou: eis a nova alvissareira para a Humanidade Eis a esperança — mais que a esperança — eis a fé; mais que a fé, eis a certeza, eis o fato positivo e palpável da continuidade da vida além do túmulo.

E’ necessário, acentuava o Converso de Damasco, que este corpo corruptível se revista de incorruptibilidade; que esta forma mortal se revista de imortalidade. Semeia-se em vileza, ressuscita-se em glória. O derradeiro inimigo a vencer é a morte. Quando, pois, este nosso corpo perecível e mortal se revestir de glória e de imortalidade, então diremos: tragada foi a morte na vitória! Onde está, ó morte, o teu poder?

São essas palavras de vida que as vozes do céu hoje rememoram, anunciando e testemunhando mais uma vez a eterna verdade; nada morre, nada se extingue, nada se aniquila na Natureza. E’ a vida, e não a morte, que domina a criação, entoando o cântico sublime da imortalidade. E’ o Espírito que vence a morte, e não a morte que vence o Espírito.

A própria matéria não é destruída na mais pequenina parcela. Seu aniquilamento é aparente, é ilusório; as formas se desfazem para se organizarem em seguida sob aspectos novos e mais aperfeiçoados. A ressurreição é a aurora perenal que envolve o Universo; é o sol da vida, sol sem ocaso, pairando majestoso no Levante sempiterno.

Hosanas a Jesus ressuscitado, imagem da vida eterna, testemunho vivo da imortalidade, símbolo da vitória do Espírito sobre as formas perecíveis!

Tu és, como bem o disseste, a ressurreição e a vida; o que crê em ti, ainda que esteja morto, viverá; e todo o que vive e crê em ti, nunca morrerá!

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