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Publicado em 30 de outubro, 2016 | por Centro Paz e Amor

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A descoberta do espírito

Em 1854 o Prof. Denizard Rivail começou a investigar os fenômenos psíquicos que haviam nove anos antes, abalado os Estados Unidos e repercutido intensamente na Europa.

Discípulo de Pestalozzi, o grande pedagogo da época, e ele também pedagogo, interessava-se por todos os fenômenos que pudessem dar-lhe um conhecimento mais profundo da natureza humana.

Partia do princípio de que o objeto da Educação é o homem e por isso o pedagogo tinha por dever aprofundar o conhecimento deste.

Em 1857 lançava em Paris O Livro dos Espíritos como primeiro fruto de suas pesquisas. Havia descoberto o espírito, determinado a sua forma, a sua estrutura, as leis naturais (e não sobrenaturais) que regem as sua relações com a matéria.

Podia afirmar, baseado em provas, que a natureza do homem é espiritual e não material, que ele sobrevive à morte, que possui um corpo energético e se submete ao processo biológico da reencarnação para evoluir como Ser, despertando em sucessivas existências as suas potencialidades ônticas.

Se Jesus ensinara essas coisas, na medida do possível, nos limites culturais do seu tempo, Denizard Rivail, que para tanto adotava o nome de Allan Kardec, passava então a ensiná-las de maneira mais ampla e com maiores recursos culturais. Tornou-se o professor de Espiritismo, como passaram a chamá-lo os que aceitaram a sua verdade.

Para isso lançou uma revista especializada, a Revue Spirite, e passou a fazer conferências e publicar livros e folhetos em linguagem didática, bem acessível ao povo. Estava iniciada a Educação Espírita.

Para bem configurarmos o nascimento da Educação Espírita convém lembrar que Amélie Boudet, esposa de Kardec, era também professora. Sabemos como ela colaborou na obra do marido e como, após o passamento deste, emprenhou-se em honrar-lhe a memória. O casal não teve filhos. A Educação Espírita foi assim a sua única filha. Essa filha mimada, extremamente querida, esteve junto ao seu coração até o fim de sua existência. O Prof. Rivail serviu-se dela para educar e instruir o seu tempo, não só no tocante à França, mas a todo o mundo.

André Moreil, em sua Vida e Obra de Allan Kardec, mostra-nos que o Prof. Rivail não foi apenas discípulo de Pestalozzi, mas o continuador da obra educacional do mestre: “É interessante notar que a impressão das obras completas de Pestalozzi termina exatamente no ano em que Rivail publicou a sua primeira obra, em 1824. Esta coincidência que uma tocha foi passada de mão para mão. Rivail iria trabalhar durante trinta anos para educação da juventude francesa, antes de se consagrar, nos seu últimos quinze anos, aos princípios do Espíritismo”.

Poderiam perguntar porque motivo Kardec não nos deixou nenhuma obra específica de Educação Espírita. A resposta é evidente: porque ainda era cedo para isso e porque faltou-lhe tempo para se dedicar a assunto tão complexo.

A codificação do Espíritismo, a Revista, as obras subsidiárias, os trabalhos de observação e pesquisa, a refutação incessante dos ataques feitos à doutrina consumiam-lhe o tempo. E os espíritos recomendavam-lhe a todo momento poupar energias, para não deixar de concluir sua missão de implantar a nova doutrina entre os homens.

A obra pedagógica e didática do Prof. Rivail é enorme e foi adotada pela Universidade de França. Mas o Tratado de Pedagogia com que ele sonhara não pode ser escrito. Sua missão espírita era demasiado absorvente, e ele estava só, terrivelmente só. A esposa o auxiliava e havia muitos colaboradores sinceros, mas só ele percebia o alcance real do Espiritismo. Assim, os grandes trabalhos não podiam ser feitos por mais ninguém.

Mas se não conseguiu fazer o necessário no tocante à Educação Espírita, a verdade é que deixou a sua obra doutrinária impregnada do ideal educacional. O Espiritismo, diziam-lhe os Espíritos, tem por missão modificar o mundo inteiro. E Kardec afirmaria em O Livro dos Espíritos, de acordo com a sua orientação anterior de pedagogo: “A educação é a chave do progresso moral”.

Encarando o problema da evolução do mundo, Kardec adverte em sua obra fundamental: “O Espírito só pode avançar gradualmente. Não pode transpor de um salto a distância que separa a barbárie da civilização” (perg. 271). A importância da Educação Espírita ressalta deste trecho: “Encarnando-se com o fim de se aperfeiçoar, o Espírito é mais acessível na infância às impressões que recebe e podem ajudar o seu adiantamento, para o qual devem contribuir os que estão encarregados da sua educação” (perg. 383).

A Educação Espírita aparece em Kardec também no seu aspecto transcendente. Não é apenas a educação do homem pelo homem. É também a educação ministrada pelos Espíritos Superiores.

Que bela visão desse processo educativo ele nos oferece neste trecho: “A verdadeira doutrina espírita está no ensino dos Espíritos. Os conhecimentos que esse ensino encerra são demasiado sérios para serem adquiridos sem um estudo profundo e continuado, feito no silêncio e no recolhimento”.

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