Publicado em 9 de março, 2020 | por Centro Paz e Amor
0A indulgência
- Espíritas, queremos vos falar hoje da indulgência, esse sentimento tão doce, tão fraternal, que todo homem deve ter para com os seus irmãos, mas do qual bem poucos fazem uso.
A indulgência não vê os defeitos de outrem, ou, se os vê, evita falar deles, divulgá-los; ao contrário, oculta-os, a fim de que não sejam conhecidos senão dela, e se a malevolência os descobre, tem sempre uma desculpa para os abrandar, quer dizer, uma escusa plausível, séria, e não daquelas que, tendo o ar de atenuar a falta, a fazem ressaltar com um jeito pérfido.
A indulgência não se ocupa jamais com os maus atos de outrem, a menos que isso seja para servir, e tem ainda o cuidado de os atenuar tanto quanto possível. Não faz observações chocantes, não tem censura nos lábios, mas somente conselhos, o mais frequentemente velados. Quando criticais, que consequências se deve tirar de vossas palavras? É que vós, que censurais, não teríeis feito o que reprovais e valeis mais do que o culpado. Ó homens! Quando, pois, julgareis os vossos próprios corações, os vossos próprios pensamentos, os vossos próprios atos, sem vos ocupardes com o que fazem vossos irmãos? Quando não abrireis os vossos olhos severos senão sobre vós mesmos?
Sede, pois, severos para convosco, indulgentes para com os outros. Pensai naquele que julga em última instância, que vê os pensamentos íntimos de cada coração, e que, por conseguinte, desculpa as faltas que censurais, ou condena o que desculpais, porque conhece o móvel de todos os atos, e que vós, que proclamais tão alto: anátema! tenhais talvez cometido faltas mais graves.
Sede indulgentes, meus amigos, porque a indulgência atrai, acalma, reergue, ao passo que o rigor desencoraja, afasta e irrita. (JOSÉ, Espírito protetor, Bordéus, 1863).
- Sede indulgentes para com as faltas de outrem, quaisquer que elas sejam; não julgueis com severidade senão as vossas próprias ações, e o Senhor usará de indulgência para convosco, como dela usaste para com os outros.
Sustentai os fortes: encorajai-os à perseverança; fortificai os fracos em lhes mostrando a bondade de Deus, que considera o menor arrependimento; mostrai a todos o anjo da arrependimento estendendo sua branca asa sobre as faltas dos homens, e velando-as assim aos olhos daquele que não pode ver o que é impuro. Compreendei todos a misericórdia infinita de vosso Pai, e não olvideis jamais de lhe dizer, pelos pensamentos e, sobretudo, pelos vossos atos: “Perdoai as nossas ofensas, como perdoamos àqueles que nos ofenderam”. Compreendei bem o valor dessas sublimes palavras; não só sua letra é admirável, mas também o compromisso que ela encerra.
(…) Quando perdoardes aos vossos irmãos, não vos contenteis em estender o véu do esquecimento sobre as suas faltas; esse véu, frequentemente, é bem transparente aos vossos olhos; levai-lhes o amor ao mesmo tempo que o perdão; fazei por eles o que pediríeis ao vosso Pai celeste fazer por vós. Substitui a cólera que conspurca, pelo amor que purifica. Pregai pelo exemplo essa caridade ativa, infatigável, que Jesus vos ensinou; pregai como ele o fez, enquanto viveu sobre a Terra, visível aos olhos do corpo, e como ainda, sem cessar, desde que não é mais visível senão aos olhos do espírito. Segui esse modelo divino; marchai sobre seus passos: eles vos conduzirão ao lugar de refúgio onde encontrareis o repouso depois da luta. Como ele, carregai todos a vossa cruz e escalai penosamente, mas corajosamente, o vosso calvário: no cume está a glorificação. (JOÃO, bispo de Bordéus. 1862). [3]
REFERÊNCIAS
[1] BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Almeida. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
[2] VITOR, Francisco de Paula (espírito); TEIXEIRA, José Raul (psicografado por). Quem é o Cristo? Niterói: Fráter, 1998. Cap. 12.
[3] KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. 195. ed. Araras, SP: IDE, 1996. Cap. X. Item 16 e 17.