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Publicado em 19 de outubro, 2020 | por Centro Paz e Amor

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Lei do Trabalho e Evolução

A relação do homem com o trabalho sempre foi conflituosa, pois, revela a necessidade de esforço. O trabalho está para o homem muito anterior a própria civilização. A seu turno, na natureza, tudo se movimenta, e é natural que assim seja. O princípio inteligente nos reinos inferiores da natureza, de certa forma já se movimenta em busca da manutenção e sobrevivência, ainda que o faça de forma instintiva. O homem da pedra ainda não havia aprendido a linguagem falada e tinha de buscar o próprio sustento na caça, na colheita de raízes, no esforço diuturno pela própria sobrevivência. O trabalho – não como conhecemos – mas, como o esforço humano pela manutenção da própria existência, é anterior a própria civilização.

Na antiguidade grega o trabalho era considerado verdadeira desonra, reservado as classes inferiores. O Livro do Gênesis, do Velho Testamento, em sua cosmogonia, descreve a Criação, de forma ainda alegórica na medida em que a Ciência demonstrou a evolução do Universo a partir do big bang, vai cuidar da “Perda do Paraíso”. Diz o relato bíblico que Adão e Eva, primeiro homem e primeira mulher, pela desobediência ao comerem do fruto da árvore do conhecimento, foram condenados por Yahweh a abandonar o Jardim do Éden. E a penalidade de Adão é o trabalho descrito como pena, que lança o homem ao sofrimento e ao suor pelo esforço da própria manutenção. 1 Ora, esta versão, sem dúvida, nos apresenta a visão que o homem daquela época tinha do trabalho, verdadeira pena e fonte de sofrimento. E esta visão permaneceu durante muito tempo. Ao longo da história da humanidade e do Planeta, encontraremos o homem escravizando o homem. E, qual a finalidade? A subjugação do mais fraco a fim de que realize os trabalhos necessários ao sustento dos mais fortes. Mais tarde, encontraremos classes sociais favorecidas pela linhagem de nascimento (realeza) subjugando a plebe ou o poder econômico das classes favorecidas subjugando os trabalhadores em condições sub-humanas. Na antiguidade, observamos que até a educação, tarefa fundamental, durante muito tempo, foi atribuída aos Mestres provenientes de classes inferiores ou escravizados. Felizmente, a evolução do Planeta tem ajudado o homem a renovar o seu modelo de vida e a construir, ou melhor, reconstruir sua relação com o trabalho. Hoje, podemos olhar ao nosso redor e percebemos que o natural é o seu exercício, não apenas buscando a contraprestação do salário, mas, em nossos lares, no cuidado direto de filhos e dependentes, em nossas atividades como voluntários, inclusive, muitas vezes, conciliamos inúmeras tarefas de diversas naturezas, fruto do atual estágio evolutivo da humanidade em que buscamos desenvolver nossas potencialidades.

E o conceito de trabalho tem evoluído da mesma forma que o nosso Planeta. E, não por acaso. Ora, é do trabalho realizado pela humanidade em todos os tempos, que o Planeta Terra, de forma paulatina, vem agregando os elementos necessários ao seu progresso, consequência da natural evolução das sucessivas gerações.

Entre tantas conquistas, fruto de árduo trabalho ao longo dos séculos, o homem, a cada dia, atinge novos patamares de desenvolvimento de sua inteligência, e se habilita, a dar novos passos na conquista de si mesmo, evidência do próprio progresso decorrente de sua transformação moral.

IX – Elaboração de Conteúdo:

Mas, o que é o trabalho?

Joanna de Angelis conceitua o trabalho como sendo: “Ocupação em alguma obra ou Ministério; exercício material ou intelectual para fazer ou conseguir alguma coisa”. Este conceito, bastante amplo, nos permite perceber, e, mais importante, entender que o trabalho não se confunde com o resultado planejado da tarefa, mas, é a tarefa que realizamos para alcançar nosso objetivo. Este conceito é muito importante, pois já agrega a chamada Teoria do trabalho-valor, que foi inclusive adotada por Karl Marx em sua obra (O trabalho cria o valor econômico, ao passo que esta teoria de antepõe a teoria marginalista que reconhece no trabalho apenas um dos fatores que atua nos meios de produção). Este conceito é fundamental porque nos permite perceber que o trabalho tem o seu valor independentemente do seu resultado econômico. Assim, o conceito trazido por Joanna de Angelis revela que importante não é a retribuição que obtemos – se é que obtemos – de nosso trabalho material, mas, o que realizamos e como realizamos. É fato que, em um mundo material como o nosso, no Planeta Terra, enquanto Espíritos encarnados, o trabalho é fonte de sobrevivência de todos nós, razão pela qual dentro de nossas necessidades, vamos buscar a atividade/tarefa que melhor se adapte a nossa forma de ser e as potencialidades que conseguimos desenvolver, neste momento. Assim, independentemente, de qual seja a nossa atividade, é trabalho e, portanto, tem o seu valor pelo que é.

O conceito de trabalho nos ajuda a entender agora o conceito de Lei do Trabalho. Lei nós sabemos, porque vivemos em uma sociedade civilizada, é a norma, ou conjunto de normas a qual todos nós estamos submetidos e que tem por objetivo regular a nossa vida, garantindo nossos direitos e estabelecendo nossos deveres, em relação ao resto da sociedade e ao Estado. Entretanto, nem sempre respeitamos as leis humanas, e, consequentemente, nos sujeitamos, em algumas situações, se o bem jurídico protegido por aquela lei for relevante, as suas consequências. É fato que, podemos escapar a aplicação da lei humana, algumas vezes, porque o sistema que regula a sua aplicação não é perfeito, porque humano, usando nossa inteligência, nossa esperteza. Isto não acontece com a Lei Natural ou Lei Divina.

Entretanto, o trabalho, ainda que material, nos proporciona muito mais do que apenas o necessário a nossa sobrevivência. O trabalho é instrumento de evolução pelo qual nós desenvolvemos a nossa inteligência. Neste ponto, cabe referir que o princípio inteligente nos reinos inferiores da natureza também trabalha ao realizar esforços que lhe permite garantir o próprio sustento. Por outro lado, o trabalho animal, consistente na realização de serviços repetitivos – hoje, com a tecnologia, o homem depende cada vez menos deste tipo de trabalho, substituindo o animal pela máquina – não lhe permite o desenvolvimento de sua inteligência. Assim, o homem é o ser que tem a possibilidade de, a partir da realização de uma tarefa ou atividade, obter resultados além do simples objetivo da tarefa, pois, do esforço realizado, desenvolve a sua inteligência, e consequentemente, se desenvolve e evolui. Então podemos nos perguntar: Somente o trabalho intelectual nos agrega conhecimentos e valores que permitem o desenvolvimento de inteligência? A resposta é não. Cada uma das atividades que realizamos no mundo, nos traz uma diversidade de novos elementos que alimentam nossos potenciais (do Espírito), viabilizando a nossa transformação. A inteligência não se limita a realização de tarefas predominantemente do intelecto. De fato, em todas as situações, ainda que de natureza braçal, usamos o nosso intelecto, seja para diminuição de nossos esforços, seja para otimização de nosso trabalho. Não foi por acaso, que o homem, no passado, desenvolveu a roda para diminuir o esforço no transporte de objetos pesados. Em quaisquer atividades temos a oportunidade de desenvolvermos novos valores a partir do momento em que pela nossa atitude conseguimos realiza-las com prazer. Podemos realizar tarefas simples em que aprendemos a obedecer ou liderar, cooperar, compartilhar. Ao desenvolvermos nossa capacidade de nos relacionar, em qualquer atividade, passamos a perceber e compreender nossa interdependência, o que nos leva a valorizar o próximo, primeiro pela necessidade de cooperação, depois, encontramos o respeito para, finalmente, transformarmos nossos sentimentos em amor ao próximo. O trabalho, enfim, nos coloca em frente ao próximo, para trabalhar para ele, por ele, e com ele, ainda que estejamos sós em nossa sala de trabalho e não conheçamos quem é o destinatário direto das nossas ações. Desta forma, é fácil percebermos que o trabalho, seja ele qual for, representa para nós, Espíritos encarnados, oportunidade única de renovação de valores.

E, todas estas observações nos permitem concluir que o trabalho é efetivamente uma Lei Natural, ainda que o homem antigo não o compreendesse, como, aliás, sempre acontece na medida em que a própria ignorância coloca o homem em desajuste com as Leis Divinas. Neste ponto, podemos compreender a resistência do homem ao Trabalho, assim como tantas vezes resistimos e combatemos o progresso com nossas posições pessoais, inflexíveis a aceitação das mudanças. Entretanto, as mudanças fazem parte natural das Leis Divinas, que estabelecem o regramento da vida que pulsa no Universo, e sujeita as criaturas. Não é por outra razão, que o movimento é regra no Universo. E, neste passo, o trabalho impulsiona o homem condicionando-o a própria evolução.

E, o trabalho é efetivamente uma Lei Natural na medida em que nos submete. E, sendo uma Lei Divina, não conseguimos escapar da sua atuação em nossas vidas. E podemos observar a atuação desta Lei apenas observando a história da civilização, percebendo seu desenvolvimento, sua evolução ao longo dos séculos e milênios. A humanidade vem se desenvolvendo, e o Planeta Terra da mesma forma, pelo influxo do trabalho desenvolvido, ao passo que nós, sob o influxo desta mesma Lei, geramos o desenvolvimento e progresso a fim de que as gerações futuras se beneficiem de nosso trabalho. E, como Espíritos que somos, sabemos que criamos – no passado – o progresso que nos trouxe até aqui e engendraremos o progresso que nos conduzirá ao futuro, a partir do presente.

Kardec, na questão 674 do “O Livro dos Espíritos” nos ajuda a entender o trabalho como Lei Natural, ao formular a seguinte questão: “A necessidade do trabalho é uma lei da Natureza?” no que os Espíritos responderam “– O trabalho é uma lei da Natureza e por isso mesmo é uma necessidade. A civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque aumenta as suas necessidades e os seus prazeres”.

Ora, os Espíritos foram bastante claros ao afirmar que o trabalho, como Lei Natural, é uma necessidade. Aqui, nos impõe distinguir as necessidades como sendo de dois tipos. As necessidades materiais, e, que, de certa forma são imediatas, que são aquelas que, em decorrência da encarnação, e das necessidades do nosso organismo, visamos imediatamente satisfazer. São as necessidades que visam nossa sobrevivência, ou o nosso conforto, conforme nos apresentam os Espíritos e Kardec, em decorrência da própria civilização. As necessidades espirituais são aquelas que trabalhamos durante a nossa existência, e que dizem respeito as nossas imperfeições. Todavia, a nossa realidade não é estanque. Não cuidamos uma hora das necessidades materiais e outra hora das necessidades morais do Espírito. Na prática, alcançamos a nossa transformação moral a partir da forma como vivemos, e no caso, trabalhamos, porque o trabalho, como Lei natural, é o grande instrumento da evolução do Espírito. Assim, enquanto cuidamos de nosso trabalho material, também aproveitamos a oportunidade para desenvolver o nosso Espírito, naquilo que nosso trabalho nos permite realizar, buscando atingir os nossos objetivos, que não se limitam ao atendimento de uma necessidade orgânica e material, e, sim, a transformação gradativa do ser aproximando-o do Criador. Para isto estamos aqui. Este é o objetivo da existência.

E, por que trabalhamos tanto? Esta pergunta vem de encontro, muitas vezes, as nossas insatisfações. A questão 674 também nos ajuda com sua resposta: A civilização amplia as nossas necessidades. O desenvolvimento nos traz inúmeras necessidades que eram desconhecidas no passado. E as conquistas destas novas necessidades traduzem uma vida de maior conforto para o homem, gerando novos trabalhos e novos progressos tecnológicos no Planeta. Hoje, nos vemos cercados por serviços públicos e privados inúmeros, que nos trazem uma série de benefícios que nos permitem, e à comunidade, novas noções de saúde e higiene. E, o homem busca, naturalmente, estas conquistas, impulsionando a transformação material do Planeta. Esta é sua missão. E esta missão é individual e coletiva, trabalhamos no nosso próprio progresso, enquanto, do nosso progresso, decorre o progresso Planetário. Entretanto, outra pergunta que surge diz respeito as nossas condições, porque ainda vivemos de forma tão diferente, e, nem todos tem acesso a estas conquistas do trabalho humano?

Se é fato que o homem enquanto busca o seu próprio conforto e progresso, ainda que material, colabora no desenvolvimento do Planeta, o faz muitas vezes sem a clareza deste objetivo pois, a conquista do intelecto, não necessariamente nos descortina as conquistas morais. Estas para serem alcançadas pelo Homem demandam um esforço além do simples exercício de um trabalho material. O homem para alcançar a conquista moral, deve ultrapassar o simples exercício da inteligência. Impõe o reconhecimento de si, de suas potencialidades divinas, de suas dificuldades e a vontade de modificar-se. Vemos inúmeras notícias de homens bem sucedidos que, após alcançarem grandes conquistas pessoais e sucesso profissional, doam a maior parte de seus recursos à Fundações destinadas ao amparo de criaturas que, neste momento, vivem situações de penúria no Planeta. E, por quê? O que será que estes homens alcançaram? Provavelmente o reconhecimento de que as conquistas materiais são incapazes de nos tornar felizes, independentemente, de quanto conforto possam nos oferecer. E, mudar o foco, abandonando o egoísmo de buscarmos sempre atender a nós mesmos, soluciona a equação do bem-viver. Entretanto, alcançarmos estas conclusões nos impõe amadurecimento, autoconhecimento, e, vontade de renovação. Em resumo é necessário trabalho voltado especialmente para nosso progresso de Espíritos importais.. Não o trabalho exterior, mas, o trabalho interior que resultará exteriormente na mudança das condições para si e outras pessoas. Neste sentido, a questão nº 675 do “O Livro dos Espíritos” nos apresenta a resposta a este problema: “Só devemos entender por trabalho as ocupações materiais? – Não; o Espírito também trabalha, como o corpo. Toda ocupação é trabalho útil”. Desta forma, tão importante quanto manter o nosso corpo físico, buscando o necessário para sobreviver, é a transformação de nosso Espírito, que demanda vontade e consciência, para não dizer também a ação decorrente da vontade em agir na superação de nossas dificuldades. E isto significa que o trabalho dignifica o homem, porque é trabalho não importa qual ele seja. Como o realizamos é que nos permite alcançar as nossas necessidades do Espírito, realizando-o com prazer e satisfação, retirando dele a realização do dever cumprido. Assim, ao exercermos qualquer trabalho, atuamos em diversos níveis. Trabalhamos no exercício de uma atividade material objetivando recursos também materiais para atender nossas necessidades, colaborando no desenvolvimento de nosso Planeta materialmente, e da mesma forma, realizamos o trabalho de nossa renovação moral, e participamos da moralização do Planeta. Como pode o trabalho gerar tantas coisas? O trabalho nos permite – ao Espírito – desenvolver sua inteligência, atributo do Espírito. E ao desenvolver sua inteligência o homem alcança novas possibilidades de visão do mundo. Podemos pensar que nem todas as tarefas nos permitem desenvolver a inteligência. Ainda, assim, estaríamos equivocados. No início da civilização, ou até antes dela, o trabalho do homem era basicamente de esforço físico pela sobrevivência, e ainda assim, pôde o homem evoluir até o nível de desenvolvimento intelectual dos dias atuais. Toda tarefa nos permite desenvolver alguma coisa, independentemente de sua natureza. A vida nos oferece os recursos necessários para a nossa evolução pelo trabalho. Joanna de Angelis se refere ao trabalho, ao lado da oração como sendo “o mais eficiente antídoto contra o mal, porquanto conquista valores incalculáveis com que o Espírito corrige as imperfeições e disciplina a vontade”.

E se não conseguimos trabalhar seja pela nossa incapacidade ou deficiência nesta encarnação, ou pela escassez de trabalho? No que se refere a impossibilidade para o trabalho na pergunta 680 do “O Livro dos Espíritos” a indagação de Kardec acerca da inutilidade da vida daqueles que não podem trabalhar os Espíritos respondem que a Justiça Divina só alcança aqueles que voluntariamente se tornam inúteis. Muitas vezes, em nossa existência atual, não temos a possibilidade de exercer aquele trabalho que gostaríamos ou qualquer trabalho remunerado. Entretanto, o trabalho, ainda que não o almejado, é sempre digno. E, na hipótese de não conseguirmos exerce-lo, por limitações físicas, sempre temos a possibilidade, mais importante, de trabalhar-nos, no pensamento, na atitude, e se isto não é possível, certamente o trabalho de renovação do Espírito está sendo realizado, ainda que nós não tenhamos – porque somos limitados – clareza do fato. Como disseram os Espíritos no início da resposta: “Deus é justo”. No que se refere a escassez que muitas vezes atinge a tantos, caracterizada constitui, sem dúvida, uma prova, e não afasta nossa condição de trabalhadores divinos, na busca pela renovação, inclusive na busca da superação de nossos limites, em busca da conquista de nós mesmos, independentemente de estarmos ou não exercendo atividade remunerada. Neste caso, é sempre bom recordar a Parábola dos trabalhadores da vinha, em que, para quem não conhece Jesus narra que em diversas horas do dia, da vida, somos convidados a trabalhar e, ainda aqueles que só encontraram trabalho na última hora do dia, porque se mantiveram ao longo do dia disponíveis e de boa vontade, fizeram jus ao salário integral.

O repouso, por outro lado, também é Lei Natural a qual todos nós fazemos jus para restabelecimento de nossas forças, reequilíbrio de nosso Espírito. Também o repouso na velhice é justo, segundo os Espíritos, que completam que os mais fortes devem trabalhar pelos mais fracos, seja a família, seja a sociedade, na ausência da família. O importante é percebermos, que a legislação humana, podemos exemplificar com a nossa Constituição Federal, de forma intuitiva imita a Lei Divina – insculpida na consciência humana – estabelecendo direito ao repouso semanal, as férias, e à aposentadoria, evidência, que a evolução do homem e do Planeta não ocorre ao acaso, mas, é fruto da atuação do trabalho, instrumento para nossa evolução, nos permitindo alcançar o progresso em que efetivamente caminhamos em direção a Deus, pela vivência das suas Leis Divinas, algumas, de certa forma, já implementadas pelo homem, como a Lei do Trabalho.

Com todas estas informações, nos cabe, amadurecendo nossa visão de mundo, modificar nosso entendimento acerca do trabalho – independentemente de qual ele seja – como sendo penalidade ou situação de sofrimento, mas, sim, oportunidade de exercitarmos a nós mesmos, ultrapassando os nossos próprios limites. Pelas nossas ações, e, especialmente, por nossa atitude mental diante da tarefa, refazemos nossos percursos, nossas tarefas, a fim de não perder o resultado de nossas obras. É necessário que o Homem-Trabalhador que somos todos nós, independentemente de ocuparmos ou não atividades remuneradas, encontrarmos em nós a energia e a boa vontade para a realização das próprias obras.

Jesus, o Espírito mais evoluído que caminhou pelo Planeta era marceneiro, e aprendeu o ofício com o seu pai no plano físico, José. Seus seguidores, todos, tinham ocupações conhecidas. Pedro era pescador e Paulo de Tarso, um dos mais notáveis seguidores de Jesus, pois que, soube se render ao Mestre diante do reconhecimento da sua cegueira espiritual, era Tecelão, atividade que também exerceu após a sua renovação, para manter-se, evidenciando a nobreza do trabalho em qualquer situação.

Boa parte dos ensinamentos trazidos por Jesus fazia referência as atividades profissionais da época. Lembrou o trabalho dos diaristas, ao falar dos Trabalhadores da Vinha, apresentou o mordomo infiel, como exemplo de trabalhador que não dignifica sua ocupação, e assim, se fez entender pelos homens que o ouviam e puderam extrair daí a verdadeira natureza de seus ensinamentos.

Assim, o importante não é qual o trabalho que exercemos, mas, como exercemos, isto é, com amor. O amor em tudo o que fazemos é que nos permite retirar de tudo a melhor parte, que consiste no aprendizado que ultrapassa a realização da tarefa e, se converte em sabedoria para o Espírito. Assim, podemos compreender melhor as palavras do poeta alemão Rainer Maria Rilke: “Se o cotidiano lhe parece pobre não o acuse: acuse-se a si próprio de não ser muito poeta para extrair as suas riquezas.” Não vivemos sós, e a atividade mais solitária, por exemplo, um pesquisador, ou um técnico, que viva em verdadeira reclusão em um laboratório, se destina a ser compartilhada com outras criaturas, seja diretamente, seja pelo benefício que o êxito do trabalho proporcionará as criaturas. Assim, não basta executar a tarefa, mas, fazê-lo com nossa melhor boa vontade, percebendo as possibilidades que ela nos coloca de revermos antigas posturas e antigas posições. E, acima de tudo, o façamos com amor ao trabalho, amor que se reverterá as criaturas. É por isto que algumas vezes nos surpreendemos com a percepção do alcance que algumas pessoas obtém acerca da vida, apenas dedicadas ao trabalho material.

Ao exercer sua verdadeira tarefa, de nos apresentar um novo modelo de humanidade, Jesus trabalhou incessantemente, e ao realizar curas em um dia de sábado, dedicado ao repouso pelos Hebreus, foi gravemente criticado, no que respondeu que o Pai ainda trabalha, e ele também trabalha, evidenciando que Deus permanece trabalhando, criando incessantemente, atuando no mundo, pelo movimento de suas Leis Divinas, e que o trabalho que realizamos consiste em natural caminho de iluminação do Espírito, e não temos data e hora, nem dia ou ano para realiza-lo, porque o Espírito trabalha o tempo todo, e ao iluminar-se se agiganta, vivendo de acordo com as Leis Divinas, e portanto, estabelecendo regime de parceria com o Pai, com coautor da realização da Vontade Divina. E é do trabalho executado em união com Deus que recebemos o verdadeiro salário da paz e da felicidade.

Lídia Maria Andrade Conceição

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