Publicado em 20 de junho, 2020 | por Centro Paz e Amor
0O antídoto para a solidão
Um dos flagelos da humanidade chama-se solidão.
Mas o que é a solidão? Seria a ausência de companhia, de pessoas à nossa volta?
Seria estar longe das civilizações?
Mais grave do que estar só é sentir-se só. Duas pessoas que vivem situações parecidas
poderão ter comportamentos diferentes. Enquanto uma é infeliz, a outra sobrevive,
e bem.
Solidão, mais do que estar só, é a insatisfação da pessoa com a vida e consigo
mesma. É precisar da multidão à sua volta, por não perceber que pode bastar-se por
si mesma, desde que descubra a riqueza do seu interior. A solidão nasce da insegurança
e da necessidade de sentir-se amada, porque ignora que o grande truque é amar.
Há quem use solidão como tempo de inspiração, análise e programação. Não é mais
a solidão popularmente conhecida, porque se transforma em recolhimento ao próprio
íntimo, necessidade que todos temos, sem nos dar conta. Vez que outra, é preciso
estar só. Tentamos nos dar bem com os outros, mas não sabemos viver na harmonia
de nós mesmos. Quando Amyr Klink, saindo da África, chegou à Bahia, navegando dias
e dias, sozinho em sua pequena embarcação, perguntaram-lhe se a solidão não teria
sido seu maior obstáculo. A resposta foi que nunca estivera só, porque muitos torciam
por ele e, além disso, fazia o que lhe causava prazer. Quem age dessa forma não
dá espaço para a solidão.
Cabe analisar quem são as vítimas da solidão. E responderíamos que são os que
não lutam, que nada realizam, não amam, não vivem…!
Quem se fecha em seus problemas, em suas mágoas, melindra-se facilmente, auto-flagela-se
e inutiliza preciosas oportunidades de realizações importantes. Deus não pode ocupar-se
com os que insistem em ser infelizes. Deixa primeiro que despertem e valorizem a
vida, para depois enviar-lhes a ajuda que possam compreender.
O antídoto para a solidão, mais do que os antidepressivos ou os divãs dos analistas,
é a ocupação. De qualquer tipo. Trabalho profissional, trabalho de lazer, trabalho
de amor ao próximo. Quem se achar em sofrimento, procure ser útil. Quem vive gastando
o tempo para reclamar de má sorte, experimente aplicar as horas tristes no trabalho.
E como catalisador para esse entendimento não podemos desprezar um agente eficaz
contra a solidão: O Centro Espírita.
Nesse pequeno compartimento da imensa Casa de Jesus há, sempre, disponibilidade
de vagas para serviços no bem. E, sempre, atinge primeiro o próprio agente. É aí
que o jovem estudante busca serenidade para entender as lições mais difíceis; é
aí que a moça, frustrada com a perda do namorado, encontra para substituí-lo um
amor diferente, sublimado; é ai onde a mãe que ficou, prematuramente, sem o filho
querido, conhece outros filhos que suprirão a falta dele; é ai onde a viúva, idosa
e enferma, encontra a companhia de operosos auxiliares do Cristo, para suavizar
o seu isolamento e a saudade do companheiro; é aí, enfim, onde todo sofrimento se
transforma em progresso e entendimento.
Nenhum outro lugar, por mais prazer que ofereça, pode combater a solidão como
o Centro Espírita, sem dispêndio para aquele que chega com a mágoa no coração. Ali,
enquanto serve, se cura; quando oferece, recebe; ao sorrir, se alegra; com ajuda,
se reergue.
Abençoado Centro Espírita, que além destes abriga também os que se sentem infelizes,
que têm a alma sensível pronta para oferecer-se. São os que têm consciência de como
a vida é boa e retribuem a Deus pela dádiva, ao invés de queixar-se do abandono
ou revoltar-se contra os atos comuns da vida de todos nós. Centro Espírita que a
todos recebe, servidores e necessitados, com a intenção de irmaná-los e integrá-los
em um só propósito e diminuindo a infelicidade porque esta, sempre, faz seu ninho
no escuro de cada um, independente da idade, saúde ou situação financeira.
Felizes os que despertam e passam pela porta estreita do Centro. Metade do problema
já estará resolvido.
Felizmente, a cada dia os que ali aportam são em maior número e, brevemente,
chegará o dia em que o entendimento será absoluto.
Revista Espírita Allan Kardec, nº 37.