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Publicado em 21 de junho, 2024 | por Centro Paz e Amor

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O ensino espírita

O que Kardec entendia por estudo profundo e continuado não era apenas autodidatismo, segundo parece sugerir a expressão: no silêncio e no recolhimento. Alguns espíritas desavisados escudam-se nessa expressão para condenar os cursos doutrinários.

E o fazem em nome do pedagogo e professor que passou a sua vida dando cursos e nos deixou, no Projeto de 1886, este conselho que é ao mesmo tempo uma advertência:

Um curso regular de espiritismo seria dado com o fim de desenvolver os princípios da Ciência Espírita e propagar o gosto pelos estudos sérios.

Esse curso terá a vantagem de criar a unidade de princípios, de obter adeptos esclarecidos, capazes de difundir as idéias espíritas e de desenvolver grande número de médiuns.

Encaro este curso como capaz de exercer influência capital no futuro do Espiritismo e em suas conseqüências.

Hoje, mais do que nunca, diante da expansão do Espiritismo em nosso país e de sua repercussão no mundo, o problema do ensino espírita se acentua como necessidade imperiosa. O Espiritismo é uma ciência, como ensinava Kardec, da qual resultam naturalmente uma filosofia e uma religião.

Seria possível a divulgação de uma doutrina assim complexa, que toca em todos os ramos do saber, segundo o próprio Kardec afirmou, sem a criação de cursos regulares, dados por professores competentes? Quem negar isso deve estar seriamente afetado por uma doença muito grave, que nos vem da Idade da Pedra: a alergia à cultura.

O Prof. Ramy Chauvin, da Escola de Altos Estudos de Paris, declarou há pouco tempo que existe entre os cientistas uma doença semelhante, e que deu o nome de alergia ao futuro.

No meio espírita constatamos hoje a existência, em forma aguda e até mesmo delirante, de uma conjugação dessas duas formas de alergia.

Os espíritas anti-culturais não querem os cursos (alergia à cultura) porque temem as modificações salutares que eles produzirão na rotina das igrejinhas espiritóides (alergia ao futuro). Querem continuar dormindo nas suas ilusões, balançando-se na rede de suas idéias fragmentárias e seus conhecimentos superficiais da Doutrina Espírita.

Podem escrever muito e falar demais, mas basta um ligeiro exame das suas idéias para que a doença grave se revele na análise.

O ensino espírita, como todo e qualquer ensino, requer sistematização escolar. A fase sem escolas da Educação Espírita, como a de qualquer outra forma educacional, pertence aos primórdios do movimento espírita. E isso não se precisa demonstrar por argumentos, pois os fatos o estão demonstrando aos nossos olhos. Onde os fatos falam por si mesmos os argumentos ficam sobrando.

A rede escolar espírita é hoje uma realidade concreta e se estende desde o grau mínimo ao grau máximo do ensino, desde o pré-primário até o universitário.

Além dessa propagação, que vai num crescendo irreversível, da escola espírita em todos os graus de ensino, temos os cursos de preparação doutrinárias nas Federações, nos Centros, nos Grupos, nos Hospitais e assim por diante.

Temos ainda os Institutos de Cultura Espírita, que realizam cursos regulares e estão se multiplicando pelo país. A escola espírita não é mais um sonho, uma hipótese, uma utopia –– é uma realidade concreta, social e cultural, que avança para um futuro esplendente.

Alguns observadores menos avisados (seria bom que estivessem avisados da inutilidade da luta contra o progresso) estranham o que chamam de mistura de matérias escolares com princípios espíritas. Esse é mais um grave sintoma de misoneísmo. Revelam assim uma concepção muito estreita do Espiritismo, esquecendo-se de que o próprio Kardec afirmou em A Gênese, respondendo aos que perguntavam porque o Espiritismo veio tão tarde, que isso aconteceu porque ele toca em todos os ramos da Ciências e era preciso que estas se desenvolvessem para que ele surgisse.

A tragédia espírita tem sido essa, desde o tempo do Codificador. Há sempre em nosso meio um certo número de pessoas ilustradas que se revelam incapazes de abranger no seu entendimento as dimensões da doutrina. Empacaram no meio do caminho e não querem avançar nem permitir que os outros avancem. Talvez seja um fenômeno de apego afetivo, com fundas raízes no egoísmo. Querem o Espiritismo somente para elas ou para um reduzido número de eleitos entre os quais figuram. Mas desde que Eurípedes Barsanulfo fundou e dirigiu, com admirável proveito, o Colégio Allan Kardec em Sacramento, lá pelos idos de 1909, ninguém mais conseguiu nem conseguirá deter a marcha da escola espírita. Porque ela corresponde a uma necessidade vital desta fase de transição da vida terrena. É uma exigência da evolução da Humanidade, do progresso da Terra.

Por isso mesmo a Educação é hoje o tema mais importante da atualidade doutrinária. Todos querem progredir, esclarecer-se, orientar seus filhos. E todos sentem, todos sabem que a escola espírita é a única realmente capaz de preparar as novas gerações para a nova era que está surgindo. Só os alérgicos resmungam contra essa maravilhosa vitória do Espiritismo no mundo, contra essa manifestação incontrolável do poder das idéias espíritas –– que tudo arrastam em direção ao futuro. Felizes as novas gerações brasileiras, que dentro em breve poderão formar-se inteiramente nas escolas espíritas, recebendo a educação integral que só elas podem dar, –– sem as deturpações dogmáticas do sectarismo religiosa e sem as deformações pretensiosas do academismo materialista.

Neste Natal devemos agradecer a Jesus a concessão que nos fez, permitindo ao Brasil a graça de ser o país pioneiro da Educação Espírita na Terra. A Argentina já nos acompanha com entusiasmo. No Congresso de Mar Del Prata, no ano passado, o tema central de estudos e debates foi a Educação Espírita, que empolgou as delegações da Confederação Espírita Pan-americana, revelando a unidade continental dos espíritas a respeito. O Congresso, num dos itens das suas conclusões, reconheceu a existência da Educação Espírita em forma institucionalizada. Esse reconhecimento foi feito em face da situação escolar espírita no Brasil e graças à revista Educação Espírita, que leva hoje para o mundo a boa nova das nossas realizações educacionais.

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