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Publicado em 15 de julho, 2022 | por Centro Paz e Amor

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O Livro dos Espíritos

Questão 872 de O Livro dos Espíritos
Autor: Allan Kardec

A questão do livre-arbítrio se pode resumir
assim: O homem não é fatalmente levado ao mal;
os atos que pratica não foram previamente
determinados; os crimes que comete não
resultam de uma sentença do destino. Ele pode,
por prova e por expiação, escolher uma
existência em que seja arrastado ao crime, quer
pelo meio onde se ache colocado, quer pelas
circunstâncias que sobrevenham, mas será
sempre livre de agir ou não agir. Assim, o livre-
arbítrio existe para ele, quando no estado de
Espírito, ao fazer a escolha da existência e das
provas e, como encarnado, na faculdade de ceder
ou de resistir aos arrastamentos a que todos nos
temos voluntariamente submetido. Cabe à
educação combater essas más tendências. Fá-lo-
á utilmente, quando se basear no estudo
aprofundado da natureza moral do homem. Pelo
conhecimento das leis que regem essa natureza
moral, chegar-se-á a modificá-la, como se
modifica a inteligência pela instrução e o
temperamento pela higiene.

Desprendido da matéria e no estado de
erraticidade, o Espírito procede à escolha de suas
futuras existências corporais, de acordo com o
grau de perfeição a que haja chegado e é nisso,
como temos dito, que consiste sobretudo o seu
livre-arbítrio. Esta liberdade, a encarnação não a
anula. Se ele cede à influência da matéria, é que
sucumbe nas provas que por si mesmo escolheu.
Para ter quem o ajude a vencê-las, concedido lhe
é invocar a assistência de Deus e dos bons
Espíritos. (337)

Sem o livre-arbítrio, o homem não teria nem
culpa por praticar o mal, nem mérito em praticar
o bem. E isto a tal ponto está reconhecido que,
no mundo, a censura ou o elogio são feitos à
intenção, isto é, à vontade. Ora, quem diz
vontade diz liberdade. Nenhuma desculpa
poderá, portanto, o homem buscar, para os seus
delitos, na sua organização física, sem abdicar da
razão e da sua condição de ser humano, para se
equiparar ao bruto. Se fora assim quanto ao mal,
assim não poderia deixar de ser relativamente ao
bem. Mas, quando o homem pratica o bem, tem
grande cuidado de averbar o fato à sua conta,
como mérito, e não cogita de por ele gratificar os
seus órgãos, o que prova que, por instinto, não
renuncia, mau grado à opinião de alguns
sistemáticos, ao mais belo privilégio de sua
espécie: a liberdade de pensar.

A fatalidade, como vulgarmente é entendida,
supõe a decisão prévia e irrevogável de todos os
sucessos da vida, qualquer que seja a
importância deles. Se tal fosse a ordem das
coisas, o homem seria qual máquina sem
vontade. De que lhe serviria a inteligência, desde
que houvesse de estar invariavelmente
dominado, em todos os seus atos, pela força do
destino? Semelhante doutrina, se verdadeira,
conteria a destruição de toda liberdade moral; já
não haveria para o homem responsabilidade,
nem, por conseguinte, bem, nem mal, crimes ou
virtudes. Não seria possível que Deus,
soberanamente justo, castigasse suas criaturas
por faltas cujo cometimento não dependera
delas, nem que as recompensasse por virtudes
de que nenhum mérito teriam. Demais, tal lei
seria a negação da do progresso, porquanto o
homem, tudo esperando da sorte, nada tentaria
para melhorar a sua posição, visto que não
conseguiria ser mais nem menos.

Contudo, a fatalidade não é uma palavra vã.
Existe na posição que o homem ocupa na Terra e
nas funções que aí desempenha, em
conseqüência do gênero de vida que seu Espírito
escolheu como prova, expiação ou missão. Ele
sofre fatalmente todas as vicissitudes dessa
existência e todas as tendências boas ou más,
que lhe são inerentes. Aí, porém, acaba a
fatalidade, pois da sua vontade depende ceder ou
não a essas tendências. Os pormenores dos
acontecimentos, esses ficam subordinados às
circunstâncias que ele próprio cria pelos seus
atos, sendo que nessas circunstâncias podem os
Espíritos influir pelos pensamentos que sugiram.
(459)

Há fatalidade, portanto, nos acontecimentos que
se apresentam, por serem estes conseqüência da
escolha que o Espírito fez da sua existência de
homem. Pode deixar de haver fatalidade no
resultado de tais acontecimentos, visto ser
possível ao homem, pela sua prudência,
modificar-lhes o curso. Nunca há fatalidade nos
atos da vida moral. No que concerne à morte é
que o homem se acha submetido, em absoluto, à
inexorável lei da fatalidade, por isso que não
pode escapar à sentença que lhe marca o termo
da existência, nem ao gênero de morte que haja
de cortar a esta o fio.

Segundo a doutrina vulgar, de si mesmo tiraria o
homem todos os seus instintos que, então,
proviriam, ou da sua organização física, pela qual
nenhuma responsabilidade lhe toca, ou da sua
própria natureza, caso em que lícito lhe fora
procurar desculpar-se consigo mesmo, dizendo
não lhe pertencer a culpa de ser feito como é.
Muito mais moral se mostra, indiscutivelmente, a
Doutrina Espírita. Ela admite no homem o livre-
arbítrio em toda a sua plenitude e, se lhe diz
que, praticando o mal, ele cede a uma sugestão
estranha e má, em nada lhe diminui a
responsabilidade, pois lhe reconhece o poder de
resistir, o que evidentemente lhe é muito mais
fácil do que lutar contra a sua própria natureza.
Assim, de acordo com a Doutrina Espírita, não há
arrastamento irresistível: o homem pode sempre
cerrar ouvidos à voz oculta que lhe fala no
íntimo, induzindo-o ao mal, como pode cerrá-
los à voz material daquele que lhe fale
ostensivamente. Pode-o pela ação da sua
vontade, pedindo a Deus a força necessária e
reclamando, para tal fim, a assistência dos bons
Espíritos. Foi o que Jesus nos ensinou por meio
da sublime prece que é a oração dominical,
quando manda que digamos: “Não nos deixes
sucumbir à tentação, mas livra-nos do mal.” Essa
teoria da causa determinante dos nossos atos
ressalta com evidência de todo o ensino que os
Espíritos hão dado. Não só é sublime de
moralidade, mas também, acrescentaremos,
eleva o homem aos seus próprios olhos. Mostra-
o livre de subtrair-se a um jugo obsessor, como
livre é de fechar sua casa aos importunos. Ele
deixa de ser simples máquina, atuando por efeito
de uma impulsão independente da sua vontade,
para ser um ente racional, que ouve, julga e
escolhe livremente de dois conselhos um.
Aditemos que, apesar disto, o homem não se
acha privado de iniciativa, não deixa de agir por
impulso próprio, pois que, em definitiva, ele é
apenas um Espírito encarnado que conserva, sob
o envoltório corporal, as qualidades e os defeitos
que tinha como Espírito. Conseguintemente, as
faltas que cometemos têm por fonte primária a
imperfeição do nosso próprio Espírito,que ainda
não conquistou a superioridade moral que um
dia alcançará, mas que, nem por isso, carece de
livre-arbítrio. A vida corpórea lhe é dada para se
expungir de suas imperfeições, mediante as
provas por que passa, imperfeições que,
precisamente, o tornam mais fraco e mais
acessível às sugestões de outros Espíritos
imperfeitos, que delas se aproveitam para tentar
fazê-lo sucumbir na luta em que se empenhou.
Se dessa luta sai vencedor ele se eleva; se
fracassa, permanece o que era, nem pior, nem
melhor. Será uma prova que lhe cumpre
recomeçar, podendo suceder que longo tempo
gaste nessa alternativa.

Quanto mais se depura, tanto mais diminuem os
seus pontos fracos e tanto menos acesso oferece
aos que procurem atraí-lo para o mal. Na razão
de sua elevação, cresce-lhe a força moral,
fazendo que dele se afastem os maus Espíritos.

Todos os Espíritos, mais ou menos bons, quando
encarnados, constituem a espécie humana e,
como o nosso mundo é um dos menos
adiantados, nele se conta maior número de
Espíritos maus do que de bons.

Tal a razão por que aí vemos perversidade.
Façamos, pois, todos os esforços para a este
planeta não voltarmos, após a presente estada, e
para merecermos ir repousar em mundo melhor,
em um desses mundos privilegiados, onde não
nos lembraremos da nossa passagem por aqui,
senão como de um exílio temporário.

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