Publicado em 5 de setembro, 2022 | por Centro Paz e Amor
0OBSESSÃO
“Entre os escolhos que apresenta a prática do Espiritismo, cumpre se coloque na primeira linha a obsessão, isto é, o domínio que alguns Espíritos logram adquirir sobre certas pessoas. Nunca é praticada senão pelos Espíritos inferiores, que procuram dominar. Os bons Espíritos nenhum constrangimento infligem. Aconselham, combatem a influência dos maus e, se não os ouvem, retiram-se. Os maus, ao contrário, se agarram àqueles de quem podem fazer suas presas. Se chegam a dominar algum, identificam-se com o Espírito deste e o conduzem como se fora verdadeira criança. A obsessão apresenta caracteres diversos, que é preciso distinguir e que resultam do grau do constrangimento e da natureza dos efeitos que produz. A palavra obsessão é, de certo modo, um termo genérico, pelo qual se designa esta espécie de fenômeno, cujas principais variedades são: a obsessão simples, a fascinação e a subjugação. “(Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, capítulo XXIII).
Assim, tal fenômeno existiu em todas as épocas da humanidade, de tal modo que, na época de Jesus, usava-se o termo possessão para denominar os fenômenos de cunho obsessivo. Recordemo-nos de quando Jesus caminhava e deparou com um homem mentalmente perturbado. O homem inquiriu o Mestre: “quem és tu?”
Jesus respondeu: “Eu sou Jesus, e tu meu irmão, quem és?”
O homem, totalmente desequilibrado, disse: “Tu não, nós…nós somos legião”. Jesus, sabendo perfeitamente que tratava-se de um processo obsessivo, asseverou: “Legião, sai dele”. E rendendo à perfeição do Mestre os espíritos inferiores foram-se e deixaram aquele homem em paz.
Assim, “é a obsessão, cobrança que bate às portas da alma. É um processo bilateral. Faz-se presente porque existe de um lado o cobrador, sequioso de vingança, sentindo-se ferido e injustiçado, e de outro o devedor, trazendo impresso no seu perispírito as matizes de culpa, o remorso ou do ódio que não se extinguiu.” (Suely Caldas Schubert, Obsessão / Desobsessão).
“As causas da obsessão variam, de acordo com o caráter do Espírito. E, às vezes, uma vingança que este toma de um indivíduo de quem guarda queixas da sua vida presente ou do tempo de outra existência. Muitas vezes, também, não há mais do que o desejo de fazer mal: o Espírito, como sofre, entende de fazer que os outros sofram; encontra uma espécie de gozo em os atormentar, em os vexar, e a impaciência que por isso a vítima demonstra mais o exacerba, porque esse é o objetivo que colima, ao passo que a paciência o leva a cansar-se. Com o irritar-se e mostrar-se despeitado, o perseguido faz exatamente o que quer o seu perseguidor. Esses Espíritos agem, não raro por ódio e inveja do bem; daí o lançarem suas vistas malfazejas sobre as pessoas mais honestas. Um deles se apegou como “tinha” a uma honrada família do nosso conhecimento, à qual, aliás, não teve a satisfação de enganar. Interrogado acerca do motivo por que se agarrara a pessoas distintas, em vez de o fazer a homens maus como ele, respondeu: estes não me causam inveja. Outros são guiados por um sentimento de covardia, que os induz a se aproveitarem da fraqueza moral de certos indivíduos, que eles sabem incapazes de lhes resistirem. Um destes últimos, que subjulgava um rapaz de inteligência muito apoucada, interrogado sobre os motivos dessa escolha, respondeu: Tenho grandíssima necessidade de atormentar alguém; uma pessoa criteriosa me repeliria; ligo-me a um idiota, que nenhuma força me opõe”. (Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, capítulo XXIII).
Podemos ressaltar que as causas da obsessão são as seguintes:
.vingança de espíritos contra pessoas que lhes fizeram mal nesta reencarnação ou em outras reencarnações;
.Simples desejo de fazer os outros sofrerem, por ódio, inveja, covardia, pois o espírito inferior se compraz em fazer alguém infeliz.
.para usufruir dos mesmos condicionamentos que tinham quando na vida física, induzem os obsidiados a cometê-los (cigarro, drogas, sexo, etc)
.apegos às pessoas pelas quais tinham grandes paixões quando em vida;
.por interesses em destruir, desunir, dominar, provocar o mal, manter
distúrbios, partindo de espíritos inteligentes das hostes inferiores.
Allan Kardec salienta (A Gênese, pág. 305) que “Nos casos de obsessão grave, o obsidiado fica como que envolto e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele…” Ainda nos orienta o Codificador (mesma obra, pág. 285), que “Sendo o perispírito dos encarnados de natureza idêntica à dos fluidos espirituais, ele os assimila com facilidade, como uma esponja se embebe de um líquido. Esses fluidos exercem sobre o perispírito uma ação tanto mais direta quando, por sua extensão e irradiação, o perispírito com eles se confunde. Atuando esses fluidos sobre o perispírito, este, a seu turno, reage sobre o organismo material com quem se acha em contato molecular. Se os eflúvios são de boa natureza, o corpo ressente uma impressão salutar; se são maus, a impressão é penosa. Se os eflúvios maus são permanentes e enérgicos, podem ocasionar desordens físicas; não é outra a causa de certas enfermidades”. Daí a idéia de que “No conhecimento do perispírito está a chave de inúmeros problemas até hoje insolúveis”. (Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, cap. I)
Posto isso, a obsessão é um fenômeno que causa sofrimento demasiado, estando, assim, na raiz de grande parte das depressões, angústias e transtornos psicológicos.
Para o tratamento da obsessão, o indivíduo deve procurar uma Casa Espírita a fim de fazer um tratamento de desobesesão com o intuito de que o espírito obsessor seja fraternalmente esclarecido e siga o seu caminho. Ressalta-se que tal procedimento é realizado por uma equipe devidamente habilitada constituída de doutrinadores, médiuns e sustentadores, para que o espírito adquira consciência e liberte-se da situação do modo mais tranqüilo possível. Quanto ao encarnado, assistir palestras espíritas, usufruir do passe, manter pensamentos edificantes, ter uma paisagem mental positiva perante a vida, estudar e entender a Vida Maior, ter uma palavra impecável, entregar-se à caridade em todos os momentos, fazer da vida uma oração constante, etc, são os meios de elevar a faixa vibratória e curar-se da obsessão. É a reforma íntima que cada um de nós deve promover em si, mantendo o pensamento elevado, com falas e atitudes corretas em todos os contextos. Tal problemática é do interesse de todos nós e, assim, lembremos da frase de Jesus: “Vigiai e Orai”.
Indica-se, para não iniciantes na Doutrina Espírita, além das obras básicas, a leitura das obras de Joanna de Ângelis (Triunfo Pessoal e Elucidações Psicológicas à Luz do Espiritismo – psicografadas por Divaldo Franco) e Manoel Philomeno de Miranda (Nos Bastidores da Obsessão, Nas Fronteiras da Loucura, Loucura e Obsessão, Trilhas da Libertação, Painéis da Obsessão, Tormentos da Obsessão e, Sexo e obsessão – psicografados por Divaldo Franco). Para os iniciantes na Doutrina Espírita indica-se O Livro dos Espíritos (Allan Kardec), O Livro dos Médiuns (Allan Kardec), Desobsessão (André Luiz/Francisco Xavier) e Transtornos Mentais (Suely Caldas Schubert).