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Publicado em 23 de maio, 2021 | por Centro Paz e Amor

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Psicometria

Martins Peralva

Segundo a definição do Assistente Àulus, a palavra “psicometria” designa a faculdade que têm algumas pessoas de lerem «impressões e recordações ao contato de objetos comuns.

Psicometria é, também, faculdade mediúnica. Faculdade pela qual o sensitivo, tocando em determinados objetos, entra em relação com pessoas e fatos aos mesmos ligados. Essa percepção se verifica em vista de tais objetos se acharem impregnados da influência pessoal do seu possuidor. Toda pessoa, ao penetrar num recinto, deixa aí um pouco de si mesma, da sua personalidade, dos seus sentimentos, das suas virtudes, dos seus defeitos.

A psicometria não é, entretanto, faculdade comum em nossos círculos de atividade, uma vez que só a possuem pessoas dotadas de “aguçada sensibilidade psíquica”. E a nossa atual condição espiritual, ainda deficitária, não permite esses admiráveis recursos perceptivos.

Quando tocamos num objeto, imantamo-lo com o fluido que nos é peculiar. E se, além do simples toque ou uso, convertermos inadvertidamente esse objeto, seja um livro, uma caneta, uma jóia ou, em ponto maior, uma casa ou um automóvel em motivo de obsessiva adoração, ampliando, excessivamente, as noções de posse ou propriedade, o volume de energias fluídicas que sobre o mesmo projetamos é de tal maneira acentuado que a nossa própria mente ali ficará impressa.

Em qualquer tempo e lugar, a nossa vida, com méritos e deméritos, desfilará em todas as suas minúcias ante o «radar» do psicômetra.

Há um belo estudo de Ernesto Bozzano intitulado «Enigmas da Psicometria», através de cuja leitura nos defrontamos com impressionantes narrativas, algumas delas abrangendo fases remotas da organização planetária terrestre.

O processo pelo qual é possível, ao psicômetra, entrar em relação com os fatos remotos ou próximos, pode ser explicado de duas maneiras principais, a saber:

  1. Uma parte dos fatos e impressões é retirada da própria aura do objeto;
  2. Outra parte é recolhida da subconsciência do seu possuidor mediante relação telepática que o objeto psicometrado estabelece com o médium.

Não tem importância que o possuidor esteja encarnado ou desencarnado.
O psicômetra recolherá do seu subconsciente, esteja ele onde estiver, as impressões e sentimentos com que gravou, no objeto, a própria vida. Bozzano demonstra que não são, apenas, as pessoas os únicos seres psicometráveis.

Além do elemento humano, temos:

  1. Os animais,
  2. Os vegetais,
  3. Objetos inanimados, metais, etc., etc.

O filósofo italiano menciona, na obra citada, extraordinários fenômenos de psicometria por meio do contato com a pena de um pombo, o galho de uma árvore, um pedaço de carvão ou de barro. Poder-se-á indagar: E se o objeto psicometrado teve, no curso dos anos, diversos possuidores? Com a vida de qual deles o médium entrará em relação ?

Explica Bozzano, com irresistível lógica, que o médiun1 entrará em relação com os fatos ligados àquele (possuidor) cujo fluido se evidenciar mais ativo em relação com o sensitivo. A esse aspecto do fenômeno psicométrico, Bozzano denominou de «afinidade eletiva.

Pela psicometria o médium revela o passado, conhece o presente, desvenda o futuro.

No tocante à relação com o passado e o presente, qualquer explicação é desnecessária, uma vez que a alínea «a» nos dá satisfatória resposta : o objeto, móvel ou imóvel, impregnado da influência pessoal do seu dono, conserva-a durante longo tempo e possibilita o recolhimento das impressões.

E quanto ao futuro? Devemos esperar essa pergunta.

Aos que a formularem, recomendamos a leitura da alínea «b». Outra parte é recolhida da subconsciência do seu possuidor, mediante a relação telepática que o objeto psicometrado estabelece com o médium.

Essa resposta pede, todavia, um complemento explicativo. Ei-lo:

Toda criatura humana tem o seu Carma, palavra com que designamos a lei de Causa e Efeito, em face do qual, ao reingressarmos «nas correntes da vida física», para novas experiências, trazemos impresso no perispírito – molde do corpo somático – um quadro de inelutáveis provações.

A nossa mente espiritual conhece tais provações e permite que o psicômetra estabeleça relação com essas vicissitudes, prevê-las, anunciá-las e, inclusive, fixar a época em que se verificarão.

Como vemos, não há nisso nenhum mistério. E’ como se o sensitivo lesse, na mente do possuidor do objeto, o que lá já está escrito com vistas ao futuro.

Tudo muito simples, claro e lógico. Nenhum atentado ao bom-senso.

Apesar de os diversos temas mediúnicos nos terem levado, algumas vezes, a certas explicações de natureza por assim dizer “técnica”, elucidativas do mecanismo dos fenômenos, não é este, todavia, o objeto fundamental do livro que procuramos escrever, mais com o coração do que com o cérebro.

Desejamos dar aos assuntos mediúnicos feição e finalidade evangélicas.

A nossa intenção é de que este trabalho chegue aos núcleos assistenciais do Espiritismo Cristão por mensagem de cooperação fraterna, de bom ânimo para os desiludidos, de esperança para os que sofrem, de reabilitação para os que rangem os dentes “nas trevas exteriores”…

Assim sendo, compete-nos extrair, das considerações expedidas em torno de tão belo quão admirável tema – Psicometria -, conclusões de ordem moral que fortaleçam o nosso coração para as decisivas e sublimes realizações na direção do Mais Alto.

O conhecimento da psicometria faz-nos pensar, consequentemente, nos seguintes imperativos :

  1. Não nos apegarmos, em demasia, aos bens materiais;
  2. Combatermos o egoísmo que assinala a nossa vida, com a conseqüente diminuição das exigências impostas a familiares, amigos e conhecidos.

Em capítulo precedente tivemos ensejo de relacionar o fato daquela senhora que, desencarnada havia muito, «não tinha força» para afastar-se do próprio domicílio, ao qual se sentia presa pelas recordações dos familiares e dos objetos caseiros.

Em “Nos Domínios da Mediunidade”, no estudo da psicometria, temos o episódio de uma jovem que, há cerca de 300 anos, acompanha um espelho a ela ofertado por um rapaz em 1700.

Vamos trazer para as nossas páginas parte do relato de André Luiz, a fim de colocarmos o leitor em relação com a ocorrência.

A narrativa é de André Luiz, quando em visita a um museu:

“Avançamos mais além.

Ao lado de extensa galeria, dois cavalheiros e três damas admiravam singular espelho, junto do qual se mantinha uma jovem desencarnada com expressão de grande tristeza.

Uma das senhoras teve palavras elogiosas para a beleza da moldura, e a moça, na feição de sentinela irritada, aproximou-se tateando-lhe os ombros.”

Acrescenta André Luiz que, à medida que os visitantes encarnados se retiravam para outra dependência do museu, a moça, que não percebia a presença dos três desencarnados, mostrou-se “contente com a solidão e passou a contemplar o espelho, sob estranha fascinação”.

Com a mente cristalizada naquele objeto, nele polarizou todos os seus sonhos de moça, esperando, tristemente, que da França regressasse o jovem que se foi…

Gravou no espelho a própria vida… E enquanto pensar no espelho, como síntese de suas esperanças, junto a ele permanecerá. Exemplo típico de fixação mental. Relativamente a pessoas, o fenômeno é o mesmo.

Apegando-nos, egoística e desvairadamente, aos que nos são caros ao coração, comemos o risco de a eles nos imantarmos e sobre eles exercermos cruel escravização, consoante vimos no capitulo “Estranha obsessão”.

Enquanto os nossos sentimentos afetivos não assinalarem o altruísmo, a elevação, a pureza e o espírito de renúncia peculiares ao discípulo sincero do Evangelho, o nosso caminho será pontilhado das mais desagradáveis surpresas, estejamos na libré da carne ou no Mundo dos Espíritos. Amar sem idéia de recompensa ; ajudar sem esperar retribuição; pensar nos próprios deveres com esquecimento de pretensos direitos; servir e passar – EIS O ELEVADO PROGRAMA que, realizado na medida das possibilidades de cada um, constituirá penhor de alegria e paz, felicidade e progresso, neste e no plano espiritual.

Reconhecendo, com toda a sinceridade, a nossa incapacidade de, por agora, executar tal programa, forte demais para a nossa fraqueza, podemos, contudo, esforçar-nos no sentido do gradativo afeiçoamento a ele, considerando a oportuna advertência de Emmanuel:

“Se o clarim cristão já te alcançou os ouvidos, aceita-lhe as claridades sem vacilar.”

Ainda Emmanuel recorda que “as afeições familiares, os laços consangüíneos e as simpatias naturais podem ser manifestações muito santas da alma, quando a criatura se eleva no altar do sentimento superior ; contudo, é razoável que o Espírito não venha a cair sob o peso das inclinações próprias”.

«”O equilíbrio é a posição ideal.”

«A fraternidade pura é o mais sublime dos sistemas de relações entre as almas.»

Colocando Jesus Cristo no vértice das nossas aspirações, aprenderemos, com o Bem-aventurado Aflito da Crucificação, a amar sem exigências, a servir com alegria, a conservar a liberdade da nossa mente e a paz do nosso coração. Aceitando-o, efetivamente, como Sol Espiritual que aquece, com o seu Amor, desde o Princípio, a Terra inteira, a ninguém escravizaremos.

E a única escravização a que nos submeteremos será à do dever bem cumprido…
Retirado do livro  Estudando a Mediunidade – FEB

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