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Publicado em 5 de julho, 2021 | por Centro Paz e Amor

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Cine Terapia II: Alexandria

(TÍTULO ORIGINAL: ÁGORA)

Um filme de Alejandro Amenábar com Rachel Weisz, uma produção espanhola da Mod Producciones, Himenóptero e Telecinco Cinema de 2009, lançado no Brasil somente em DVD e Blue Ray em 2011.

Vencedor do Prêmio Goya de Melhor Atriz , Melhor Diretor, Melhor Edição, Melhor Filme, Melhor Música Original e Melhor Som.

“Há cerca de 2000 anos, emergiu uma civilização científica esplêndida na nossa história, e sua base era em Alexandria. Apesar das grandes chances de florescer, ela decaiu. Sua última cientista foi uma mulher, considerada pagã. Seu nome era Hipátia. Após seu assassinato, em 415d.c., a Biblioteca de Alexandria foi destruída. Milhares dos preciosos documentos dessa biblioteca foram em grande parte queimados e perdidos para sempre, e com ela todo o progresso científico e filosófico da época.” (Carl Sagan)

O Filme ALEXANDRIA (ÁGORA no original) narra a história da filósofa neoplatônica, matemática e astrônoma Hipátia (Rachel Weisz) em meio à disputa de poder e de conflitos culturais e religiosos num dos maiores centros cosmopolitas da antiguidade: a cidade de Alexandria, no Egito. Nesse período de domínio romano houve a ascensão do cristianismo à religião oficial do império impondo-se sobre uma tradição religiosa híbrida greco-romana (pagã) e outra judaica.

Hipátia, tendo sido a primeira mulher filósofa, astrônoma e matemática da história, não apenas se destacou como professora e diretora da Academia e protetora da Biblioteca de Alexandria – a maior biblioteca do mundo antigo – como também influenciou e conquistou a admiração de homens notáveis de diferentes orientações religiosas como os ex-pupilos Sinésio de Cirene (renomado filósofo e bispo cristão), Orestes o prefeito romano de Alexandria e o escravo cristão Davus. Este último, um personagem fictício introduzido no filme, que representa bem o conflito existencial do ser humano dividido entre a paixão pela mestra de origem pagã e a revolta pela condição social dos companheiros de fé.

Hipátia desenvolvera forte paixão pela busca de respostas para o desconhecido. Diz-se que ela, sob tutela e orientação paternas, submetia-se a uma rigorosa disciplina física, para atingir o ideal helênico de ter a mente sã em um corpo são. E quando perguntavam porque jamais se casara, respondia que já era casada com a verdade. Tinha fama de ser uma grande solucionadora de problemas chegando a receber muitas solicitações de matemáticos da época.

Seu fim trágico se desenhou a partir de 412d.c., quando Cirilo (um cristão fervoroso, que lutou toda a vida defendendo a ortodoxia da Igreja e combatendo as heresias) foi nomeado Patriarca de Alexandria. Temendo a influência de Hipátia sobre Orestes, teria induzido uma conspiração contra a filósofa.

É um filme sobre PRECONCEITO e INTOLERÂNCIA como causas da violação da LIBERDADE e da VIOLÊNCIA.

No capítulo intitulado A Religião Natural da obra mediúnica de Francisco do Espirito Santo Neto Um Modo de Entender: uma nova forma de viver, Hammed, o autor espiritual, toma por base o estudo de Jung sobre a psique humana para nos esclarecer sobre a verdadeira religiosidade:

“Há no inconsciente coletivo vários arquétipos (do grego archétypon – “o que é impresso desde o início”), mas existe um central e fundamental, que tem a função de unificar e reconciliar todos os outros e de reequilibrar todo o governo psíquico. Ele o chamou de Self ou Si-mesmo.” (Hammed, 2004, pg. 157)

Segundo Hamed, o Self equivale à imago Dei, à identidade objetiva e divina do ser humano – sua essência legítima espiritual e não o ego (a identidade exterior do indivíduo aos olhos do mundo). O Self, portanto, corresponde ao sentimento de religiosidade.

“Quando Jung fazia menção à religião, não se reportava a um credo ou igreja especificamente. O que ele tinha em estudo era o comportamento religioso, a religiosidade no processo psíquico.

Podemos dizer, sobre a existência de Deus, que há um ‘sentimento instintivo, que todos os homens trazem em si’ (referência ao Livro dos Espíritos). A religiosidade apresenta-se como fenômeno natural.

A religião do futuro será conhecida como a uma realidade interna, será vivenciada individualmente pela criatura que superou o ‘ser religioso’ e desenvolveu em si o ‘ser religiosidade’.” (Hammed, 2004, pg. 158-159)

O filme desenvolve uma estrutura narrativa pontuada pela visão do planeta Terra do espaço em zoom progressivo até a cidade de Alexandria onde se destacavam o Farol como uma imponente construção vertical cilíndrica e cônica no topo (umas das 7 maravilhas do mundo antigo) e a Biblioteca cuja forma apresentada no filme é predominantemente horizontal e circular colocada junto ao templo pagão da cidade num formato mais esquadrejado (o Serapeum) , contando ambos os edifícios com uma grande abertura central na cobertura por onde entra a luz natural e de onde se vê o céu.  Nas tomadas aéreas esses dois orifícios se destacam como fontes de relação entre o interior e o exterior desses dois locais importantes.

O filme abre uma licença histórica ao propor que, pelo conhecimento de Hipátia acerca da teoria do astrônomo Ptolomeu (teoria esta que estabelecia a existência de epiciclos para explicar o comportamento irregular e mudanças de tamanho verificados no movimento dos astros) e pelo estudo das ‘curvas cônicas’ de Apolônio (em especial a elipse), ela teria antecipado a descoberta de Keppler, séculos depois,  desvendando a hipótese das órbitas elípticas dos planetas. Chega a ser comovente no filme o uso da matemática e a geometria de maneira tão poética e simples.

A figura geométrica da elipse é gerada pelo corte de um volume cônico por um plano cuja inclinação não passe pela base. A intersecção define o desenho da elipse, que tem a propriedade de ser uma linha curva fechada semelhante a um círculo ‘esticado’ que possue 2 centros (chamados focos). E a curva da elipse obedece sempre a mesma relação de distância com esses 2 centros; desta forma, a soma das distâncias de cada ponto da curvatura até cada um dos focos permanece sempre igual. Numa órbita planetária, por exemplo, o sol está posicionado num dos focos enquanto o outro foco é vazio e o planeta gira equilibradamente entre os dois variando entre a maior e a menor distância de cada um.

Hipátia, com toda a sua sensibilidade, equilíbrio e inteligência, representa por seu espírito questionador a conexão entre ciência e espiritualidade e não apenas a condição feminina tão espoliada ao longo da história. A metáfora da elipse como síntese do equilíbrio dinâmico entre focos distintos é a síntese da TOLERÂNCIA, do RESPEITO e da HARMONIA UNIVERSAL como aspiração arquetípica do espírito humano. A harmonia entre o masculino e o feminino, entre o vertical e o horizontal, entre a terra e o céu, entre o interior e o exterior. Em síntese, a harmonia entre Self e ego – essência e aparência, que um dia se realinharão como unicidade divina exercitando a equanimidade mundana.

Na geometria cônica, o círculo (usado como forma ideal na concepção ptolomaica para representar as órbitas planetárias) é um tipo especial de elipse. À medida em que o plano de corte do cone se ajusta em paralelo com sua base os focos da elipse se aproximam até unificarem-se no centro único do círculo alinhado na vertical entre o cume e a base.

Resenha de Roberto Rampazzo Gambarato

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