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Publicado em 7 de julho, 2021 | por Centro Paz e Amor

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Monteiro Lobato, O Mestre da Literatura Infantil – O Materialismo Cede ao Espiritismo

Por Vladimir Polízio
E-mail:  polizio@terra.com.br

“Ao nascer ganhamos um cavalo – o nosso corpo. Só que, com o tempo, se o cavalo adoece e morre, pensamos que somos nós que morremos”.  Esta frase é de José Renato Monteiro Lobato, o criador do Jeca-Tatu, Marquês de Rabicó, Narizinho, Pedrinho, D. Benta, Tia Anastácia e outros mais, que nasceu em Taubaté-SP, em 18 de abril de 1882.

Como pretendesse usar a bengala do pai, que trazia engastada as iniciais ‘JBML’, substituiu o ‘Renato’ por ‘Bento’, ficando com o nome de José Bento Monteiro Lobato, percorrendo e florindo os caminhos literários, do mundo infantil especialmente, enriquecendo-os com suas espetaculares criações. Retornou à morada eterna em 5 de julho de 1948, com 66 anos, vividos entre alegrias pessoais, sonhos de um Brasil melhor, o cárcere e a dor da tristeza, provocada pela sensação de perda de dois de seus filhos: Guilherme (aos 28 anos, faleceu em 1939)  e Edgard (aos 32 anos, faleceu em 1941.

Quando estava no internato do Instituto de Ciências e Letras na Capital de São Paulo, onde viria concluir seus estudos preparatórios aos 16 anos, recebe a notícia da morte de seu pai, então com 48 anos e com quem, naqueles últimos tempos, só se comunicou uma única vez e por correspondência, para dar-lhe notícias dos estudos.

Um ano depois desse golpe, D. Olímpia, aos 39 anos de idade mas com a saúde já precária e presa ao leito, piora e, sentindo aproximar-se o fim, escreve ao filho e dele se despede. Ele não chega tempo de vê-la com vida em Taubaté, onde morava.

Com seu amadurecimento antecipado ele mesmo conclui que a infância “já se tornara uma saudade”, passando a residir com o avô.

Formado há quatro anos e integrando o Ministério Público, foi trabalhar na Cidade paulista de Areias, no Vale do Paraíba e extremo leste do Estado, casando-se aos 26 anos com Maria Pureza da Natividade, com quem teve três filhos: Marta, Guilherme e Edgard.

Enquanto a Terra estava envolvida com a Primeira Guerra Mundial, em 1914, por aqui, no jornal O Estado de S.Paulo de 23 de dezembro, era publicado o célebre romance Urupês.

O primeiro livro infantil do Brasil nasce com a publicação de “A Menina de Narizinho Arrebitado”, lançado em 16 de janeiro de 1921, não só com a graciosa capa desenhada mas todo ele ilustrado por Di Cavalcanti, pois que “em lugar das habituais chapas tipográficas, vistosos desenhos dão colorido e graça às brochuras”. O sucesso foi tão grande que a edição alcançou, há 87 anos, a marca dos cinqüenta mil exemplares.

Antes de sua luta a favor do petróleo, que lhe custou dissabores, Monteiro Lobato liderou campanhas de saneamento. “…em um país, na época com 25 milhões de habitantes, dois terços estavam derrubados pela ancilostomíase. Outros três milhões de brasileiros sofriam de ‘papudos’, sem falar dos dez milhões empaludados, por falta de quinina’. ‘E o que fazemos nós?, pergunta Lobato. ‘A parte culta da sociedade, folga e ri. o Governo faz reformas eleitorais… Os intelectuais debatem a colocação dos pronomes”, responde o biógrafo Edgard Cavalheiro. 

Não obstante sua vocação materialista, pois, como diz seu próprio biógrafo “Faltando-lhe sentimento religioso, Monteiro Lobato pouco se preocupara anteriormente com a morte, mas agora que perde o segundo filho, agora que a Parca repete a proeza, a morte é tema constante para seu espírito”. É então que envolve-se com o Espiritismo, que considera “a religião  amanhã”.

Passagens muito pouco conhecidas de Monteiro Lobato dão conta de que o escritor, reconhecido agora de que a vida, fugaz e não só voltada aos interesses materiais, tem outro e mais importante lado, ele, descrente da religiosidade, passa a dedicar-se de 1943 até o final de seus dias, em 1948, em sua casa e na de amigos, em reuniões mediúnicas que lhe davam sinais evidentes e claros de que a vida não era somente aquela que ele estava acostumado a conhecer. Foi nessas ocasiões que Monteiro Lobato fazia as perguntas e anotava o resultado desses encontros, através do emprego dos copos ou mesmo pela psicografia, tudo feito em ata e deixado com sua secretária e revisora por toda a vida, Maria José Sette Ribas, conhecida por Marjori. Além de inúmeros espíritos que se manifestaram, seus dois filhos, Guilherme e Edgard deixaram também a prova que Monteiro Lobato precisava. “Daqui por diante, diz ele, o que tenho a fazer é arrumar a quitanda para a grande viagem, coisa que para mim perdeu a importância depois que aceitei a sobrevivência. Estou com uma curiosidade imensa de mergulhar no Além!”

Nas palavras de Marjori, “Todo mundo conheceu Monteiro Lobato sob vários aspectos: o amigo leal e incomparável, o contista primoroso, o ardoroso e cáustico polemista, o patriota ferrenho e implacável; mas, sob o prisma espiritualista, poucos, muito poucos o conhecem e até alguns duvidam dessa sua conversão ao espiritismo”.

Doente, foi assim que despediu-se dela: “Minha filha, amanhã ou depois, se vir no jornal que eu morri, você não vai chorar. Sabe bem que não morremos, e esta foi, apenas, uma de minhas passagens sobre a terra. Somos imortais”.

E morreu feliz, sabendo que somos eternos” finalizou Marjori, que hoje também se encontra do outro lado.

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