O livre arbítrio
Autor: Allan Kardec
A questão do livre-arbítrio se pode resumir assim:
O homem não é fatalmente levado ao mal;
os atos que pratica não foram previamente
determinados; os crimes que comete não
resultam de uma sentença do destino. Ele pode,
por prova e por expiação, escolher uma
existência em que seja arrastado ao crime, quer
pelo meio onde se ache colocado, quer pelas
circunstâncias que sobrevenham, mas será
sempre livre de agir ou não agir. Assim, o livre-
arbítrio existe para ele, quando no estado de
Espírito, ao fazer a escolha da existência e das
provas e, como encarnado, na faculdade de ceder
ou de resistir aos arrastamentos a que todos nos
temos voluntariamente submetido. Cabe à
educação combater essas más tendências. Fá-lo-
á utilmente, quando se basear no estudo
aprofundado da natureza moral do homem. Pelo
conhecimento das leis que regem essa natureza
moral, chegar-se-á a modificá-la, como se
modifica a inteligência pela instrução e o
temperamento pela higiene.
Desprendido da matéria e no estado de
erraticidade, o Espírito procede à escolha de suas
futuras existências corporais, de acordo com o
grau de perfeição a que haja chegado e é nisso,
como temos dito, que consiste sobretudo o seu
livre-arbítrio. Esta liberdade, a encarnação não a
anula. Se ele cede à influência da matéria, é que
sucumbe nas provas que por si mesmo escolheu.
Para ter quem o ajude a vencê-las, concedido lhe
é invocar a assistência de Deus e dos bons Espíritos. (337)