Publicado em 23 de setembro, 2018 | por Centro Paz e Amor
0Overdose de carpe diem e os Fenômenos da Neuroplasticidade
Pois eu tenho a certeza de que nada pode nos separar do amor de Deus: nem a morte, nem a vida; nem os anjos, nem outras autoridades ou poderes celestiais; nem o presente, nem o futuro. (Romanos 8 : 38,39)¹
A sociedade atual experimenta uma instabilidade generalizada em face de um panorama de incertezas que se projeta no horizonte. Aqueles que concebem apenas a unicidade da experiência física deparam-se com a necessidade de prosseguir vivendo sem se afligirem com os obstáculos da caminhada, repensando meios de conquistarem a felicidade fugitiva.
As pessoas, cientes que a vida física é uma experiência do espírito imortal, devem buscar as lições norteadoras do bem, cônscios da tutela do Cristo, a fim de buscarem a renovação dos valores essenciais nas vastas experiências nas quais todos estamos incursos. Vivemos tempos céleres, rápidos, tempestuosos. Tempos já vividos dantes, histórias que se repetem, lições abortadas e novos recomeços.
A cultura do “carpe diem” , muito difundida e tão pouco refletida , nos estimula as mais intensas emoções da matéria. Vivemos um período alucinante por sensações imediatas, onde os pensamentos desorganizam, os sentimentos se confundem e as emoções extrapolam. A rigor, “carpe diem” significa uma experiência psicoemocional imediatista e sem preocupações com o amanhã. É desfrutar a vida e os prazeres do momento em que se “vive”. Esta expressão tem o objetivo de lembrar que a vida é breve e efêmera e por isso, cada instante deve ser “vivido” apoteoticamente, por conseguinte, esse conceito é largamente aceito pelo materialista ou sensualista, que carece entorpecer os sentidos a fim de suportar os açoites das expiações e provações e as lágrimas desconfortantes.
Entretanto, somos espiritualistas e paradoxalmente acreditamos que devemos aproveitar ao máximo o “aqui e agora” a fim de que o nosso amanhã seja um tanto mais proveitoso rumo ao nosso aperfeiçoamento moral. Lamentavelmente a sociedade humana, ainda descompromissada com os valores do espírito imortal, promove essa cultura que arrasta as criaturas primárias para as experiências não aconselháveis. Haja vista a infinidade de festa open bar oferecidas aos jovens, a puerilidade dos relacionamentos e a imaturidade que encontramos nos fúnebres cenários da sociedade contemporânea.
Uma humanidade acriançada que ambiciona tão-somente o sedutor prazer da vida, deixando o dever para mais além do fugitivo imaginário. Estamos cada vez mais envoltos num clima de egocentrismo , isolamento e retraimento social, não obstante contíguo à multidão. Alguns experimentam a obscuridade moral a ponto de descobrir nos relacionamentos virtuais a válvula de escape para aliviar o turbilhão das suas carências e desditas afetivas.
Entretanto, o alerta para essas realidades é a sensação subjetiva de estar isolado e não ter para quem se expandir, falar, prantear, se regozijar, ou buscar dividir as emoções. São duas faces de uma mesma moeda. Em alguns períodos vivemos intensamente as experiências e em outros nos abatemos completamente no isolamento.
O “carpe diem” descomedido pode até mesmo nos dar a impressão de estarmos vivendo intensamente o momento, porém , importa refletir quais são os valores que temos granjeado nessa competição alucinada pela satisfação instantânea.
O apóstolo da gentilidade diria: “Pois eu tenho a certeza de que nada pode nos separar do amor de Deus: nem a morte, nem a vida; nem os anjos, nem outras autoridades ou poderes celestiais; nem o presente, nem o futuro; nem o mundo lá de cima, nem o mundo lá de baixo.Em todo o Universo não há nada que possa nos separar do amor de Deus, que é nosso por meio de Cristo Jesus, o nosso Senhor.” (1)
Considerando que fomos criados por uma Inteligência Suprema é importante que passamos nos sentir parte da divindade. Conectando-nos a Deus. O pensamento ilusório de que somos autossuficientes tem gerado uma série de conflitos emocionais, promovendo um sentimento de incompetência, fracasso existêncial e incompletude. Em verdade são sentimentos conectados a apreciações que denunciam a incondicional ausência de valores morais que nos permita maior aproximação de Deus.
A aflição de viver e o eterno recomeço para a busca da vida venturosa são segmentos do processo de construção do ser na forja do tempo. Após milênios de experiências malogradas e enriquecedoras desponta para todos a capacidade de desenvolver as perenes potências espirituais.
Entendemos que a neuroplasticidade ou plasticidade neural, definida como a capacidade do sistema nervoso modificar sua estrutura e função em decorrência dos padrões de experiência, e a mesma, pode ser concebida e avaliada a partir de uma perspectiva estrutural , na configuração sináptica (2) ou funcional , na modificação do comportamento.
Sob o comando do espírito consciente de suas necessidades evolutivas, através do impulso da vontade e determinação constante, ocorre a modificação estrutural física e perispiritual. A neuroplasticidade nasce de uma necessidade da mente humana em buscar saídas assertivas. Somos seres cognitivos e não existem limites para nossas criações. A legitimidade das nossas buscas obrigará nossas estruturas fisiopsíquicas a encontrar caminhos que darão novo significado à vida.
Nada no mundo nos afastará do amor de Deus, nem a ilusão, nem solidão, nem a penumbra das emoções e nem o “carpe diem” exagerado. Tenhamos a certeza que o Amor do Criador é patrimônio que também nos pertence, por direito inalienável. Se preciso for utilizaremos de todos os recursos divinos para nos moldar a essa excelsa herança.
Por Jane Maiolo